DELITO NO LEITO





DELITO NO LEITO
Silva Filho


A Natureza fez tudo
Com a maior perfeição
Dispensando correção
Pra mexer no conteúdo.
Mas o homem fez “estudo”
Envolvendo algum conceito
Começou a ver defeito
E paisagem contrastante
O RIO CHOROU BASTANTE
QUANDO ROUBARAM SEU LEITO.


Cidades que foram Vilas
E muito antes... Fazendas
Perdidas por outras sendas
Mergulhadas em argilas.
Hoje formam muitas filas
Pra falar com o Prefeito
Sem água se faz trejeito
Com a vida claudicante
O RIO CHOROU BASTANTE
QUANDO ROUBARAM SEU LEITO.


Muitas vezes o problema
Tem natureza política
Quem causou foge da crítica
E diz que foi o sistema.
Escapando da algema
O vilão pede respeito
Com um discurso perfeito
Sempre escapa do flagrante
O RIO CHOROU BASTANTE
QUANDO ROUBARAM SEU LEITO.


Pois que venham explicar
Por que tão longe das águas
O banho é feito em mágoas
Que não podem refrescar.
Quem deixou disseminar
Tantas vidas por um eito
Sem um arroio estreito
E sob um sol escaldante
O RIO CHOROU BASTANTE
QUANDO ROUBARAM SEU LEITO.


O povo não foi ao rio
Mas quer a água na porta
E a Natureza exorta
Que não quer o desafio.
A História traz um fio
Pra lembrar um bom preceito
Quem tentou tirar proveito
Foi ribeirinho constante
O RIO CHOROU BASTANTE
QUANDO ROUBARAM SEU LEITO
.

Naqueles tempos passados
Chamados medievais
Perto dos mananciais
Ficavam os povoados.
No Brasil... os desgraçados
Deram tudo por bem feito
Carros-pipas dão um jeito
Diz o Coronel mandante
O RIO CHOROU BASTANTE
QUANDO ROUBARAM SEU LEITO.