Macho e fêmea
Meu pai esperava um macho;
Veio uma fêmea pra criar.
Corria ele pro terreiro,
Uma galinha ia matar.
Lá vai ele resmungando;
Galinha choca pegar.
Minha avó fazia a sopa,
A minha mãe alimentar.
Queria ele, um machinho;
Pra na roça trabalhar.
Fêmea, dizia ele,
Só serve pra criar.
Ficava no quarto sete dias;
Pro umbigo se curar.
Banho de arruda na bacia
Pra mal olhado não pegar.
No dia do batizado;
Uma festa ia rolar.
Menina vai pra peneira,
Em baixo da cama ficar.
A vizinhança ia chegando;
Da festa participar.
Eu em baixo da cama,
Chorando, sem parar.
Minha mãe toda animada;
Com amigos, comemorar.
Pinga rolava solta,
O compadre a relaxar.
Amamentar, não quiz saber;
Dá vômito experimentar.
Talvez até pensando,
No outro que ia chegar.
Ao fazer um ano e meio;
Me despedia do lugar.
Do caixote eu saía,
Pro outro se acomodar.
Assim foi passando o tempo;
Num lugarejo a cantar.
A outra chegou ligeiro,
No meu lugar, se espalhar.
Era outra fêmea! Dizia papai a ralhar;
No dia ninguém falava.
Todos em silêncio,
Se punham a rezar.
Nos tempos que iam passando;
Minha mãe se punha, a rezar.
Pra nascer um machinho,
E ao meu pai agradar.
O sexto filho nasceu macho;
Minha mãe feliz está.
Este come sopa!
De galinha sem chocar.
Meu pai chegou da labuta;
Veio correndo perguntar.
Da barriga de mamãe,
Um machinho pra criar.
Nesse dia tão... contente;
Papai se pôs a cantar.
Chamou toda a vizinhança,
E foi comemorar.
O machinho foi crescendo;
Alegria! Em todo o lar.
Papai fica contente,
E mamãe a engravidar.
A prole foi aumentando;
Muita boca, alimentar.
Na roça papai dizia,
Pra Nosso Senhor, ajudar.
Nasceram mais dois machinhos;
Nessa leva que se dá.
Ai! A coisa ficou preta,
Os dois, se juntaram a rezar.
Mas, não parou por aí;
Duas fêmeas chegava.
O caçula nasceu macho,
Pra família completar.
Antes de mim! Vieram três;
Com saúde a esbanjar.
Encerrou a trabalheira,
Antes de papai aposentar.