DIGA SE NÃO É VERDADE-04.
O que tem medo de tombo,
Não corre de morro a baixo,
Dizem que o ultimo filho,
É a última rapa do tacho,
Pelos sertões onde andava,
Todo mundo se borrava,
Com os cabras do cangaço.
Cobra se esconde na moita,
Fica pronta pra atacar,
E a pessoa imponderada,
Corre o risco de errar,
Difícil é o cabra tinhoso,
E o remédio pra nervoso,
É deixá-lo se acalmar.
Todo homem do nordeste,
É chegado a rapadura,
Dizem que cabra da peste,
Com ele não tem frescura,
Rinha é arena pra galo,
O que perde vai pro ralo,
Isso é uma verdade pura.
Dizem que gato escaldado,
Tem medo de água fria,
E o comerciante enfezado,
Não agrada a freguesia,
O peru morre na véspera,
Contar mentira não presta,
Sofre quem pega manias.
Pra moleque enzamboado,
O remédio é o cinturão,
Todo sujeito apressado,
Faz bobagens de montão,
Lagarta grande é de fumo,
Bolão de vaca é estrumo,
Dança do nordeste é baião.
O cabra bom machadeiro,
Não deixa enganchar cavaco,
Quando o cara é fofoqueiro,
Todos chamam pela saco,
O porco espinho é Quandú,
Bom pra forma é mulungu,
Só trouxa é quem dá pitaco.
Manga com leite faz mal,
Se é verdade eu não sei,
Mesmo sendo um maioral,
Se lasca quem quebra a lei,
Bananeira boa dar cacho,
Briga é só pra cabra macho,
Diz-se no bom português.
Não se doma burro brabo,
Sem cortar ele na espora,
Nunca vi ser mais folgado,
Que contador de história,
Macaco é bicho sacana,
Mas é doido por banana,
Tanto preso quanto fora.
Se escusa anda de avião,
O que tem medo de altura,
O fim de todos os caixões,
É no forno ou sepultura,
Come a carne o canibal,
E a policia malha o pau,
No moleque com frescura.
Bom é só casa de sogra,
É o que diz alguns homens,
Come qualquer gororoba,
Quem está morto de fome,
Bom pra febre é aspirina,
Gostosa é água da mina,
O de guerra é sobrenome.
Quem não gosta de barulho,
Não faz parte de fanfarras,
Dizem que o mês de julho,
É chamado o mês da farra,
Assim o caboclo do sertão,
Sabe que chegou o verão,
Pelos cantos das cigarras.
Ver-se o brilho nos olhos,
De alguém que está feliz,
Gasta muito mais petróleo,
Quando o cara é aprendiz,
Dúvidas é não ter certeza,
É vã qualquer esperteza,
Contra provas de um juiz.
Ninguém é tão corajoso,
A ponto de se arriscar,
Em penhasco perigoso,
Sem antes se preparar,
O trem só anda no trilho,
E o que puxa o gatilho,
Está pronto pra matar.
Dizem que a vida é dura,
Pra quem vive na moleza,
Mas sei que é beleza pura,
Contemplar-se a natureza,
Nunca vi um cachaceiro,
Que não fizesse pizeiro,
Tomando todas da mesa.
O corredor verdadeiro,
Sabe dosar as passadas,
Só um cabra pagodeiro,
Tem molejo na gingada,
Formiga gorda é saúva,
E o que casar com viúva,
Tem a carga redobrada.
Quem vira aventureiro,
Põe a corda no pescoço,
Ter economia de dinheiro,
Aqui nesse Brasil é osso,
Com o avanço da idade,
Vai embora à vaidade,
Do que um dia foi moço.
O que tem medo de couro,
Faz tudo pra andar direito,
Pra montarias em touros,
O peão tem que ter peito,
Se montar de forma errada,
Arrisca não ganhar nada,
Sair bravo e insatisfeito.
Ainda não vi mulher bonita,
Que não queira se mostrar,
Mas ela também se irrita,
Vendo o marmanjo se gabar,
De lado é o pulo do gado,
Mas sei que um lindo sapato,
Faz qualquer mulher pirar.
Sei que o sulfato ferroso,
É pra combater a anemia,
Mas o homem preguiçoso,
Só quer sombra e água fria,
Vi que a marvada cachaça,
Deixa o cara cheio de graça,
Ou dormindo em pleno dia.
Cosme B Araujo.
09/07/2013.