UM AMOR SERTANEJO
UM AMOR SERTANEJO
Sou um matuto arretado
E por Mariazinha muito amado
Nem sei se alguma vez fui trocado
Mas o que me apaixona é o beijo roubado.
Mariazinha não quer nada comigo
Pois sem muita conversa te digo
É uma mulher muita da arretada
E não dá bola até ser conquistada.
É a filha do Seu Zé Mané
Que tem uma barraca lá na Sé
O Veio é brabo e muito valente
E só vive de cabeça quente.
Outrora, Antônio um bom moço
Que morava perto do poço
Engraçou-se da bela Joaninha
Que era irmã de Mariazinha.
Seu Zé Mané era contra o noivado
Dizia que Antônio era muito mimado
Sujeito pobre e criado com vó
É mió que minha fia fique só.
Seu jeito muito delicado
Era por Seu Zé contestado
ô Joaninha que homem afeminado
É sim Pai, mas ele gosta do babado.
Babado para mim só de renda
Ele não tem dinheiro nem para pagar tua prenda
De sujeito liso quero distancia
Vai procurar mulher lá na Estancia.
Homem mesmo é Severino
É rico e tem dinheiro tinindo
Mariazinha case com ele minha fia
Senão você vai ficar para titia.
Para titia não fico não senhor
A gente até já fez amor
Daqueles que a gente nunca esquece
Debaixo do cobertor que nos aquece.
Sua rameira safada
Você vai ficar difamada
Mulher solteira não tem valor
Ainda mais perdida com homem de cor.
Severino diz que me ama
Mas só diz isso na cama
Será que o Pai tem razão
E o amor que nós fizemos foi em vão?
O amor é coisa do presente
Só quem ama de verdade, sente.
Por isso sei que sou amada
E Severino é meu rei de espada.
Homem macho tá ali
Tudo que ganha trás para aqui
E assim nós vamos vivendo
Sem casar, mas convivendo.
Meu pai ficou arretado
Com o casamento forçado
A minha barriga já crescia
Então fomos morar com minha tia.
Nasceu um belo menino
Era branco e tinha os lábios finos
Severino logo notou a diferença
Ele é parecido com o pastor da tua crença.
Mariazinha deu um salto e confirmou
Este menino é mesmo filho do teu avô
Agora que ele já morreu
Agarra que o filho é teu.
E assim Severino e Mariazinha
Resolveram deixar de picuinha
Foram para o sertão de Vertente
E viveram felizes para sempre.
Maurice Astaire