A gata Sinhá e o Rato Simbá -Um cordel de amor (im) possível
Conto um causo de amor
Nunca se ouviu igual
Tem momento de pavor
Coisas de romance e tal
Conta-se há muito tempo
Numa vila afastada
Tinha ali um bom Sargento
Corajoso de brigada
Atendia por Simbá
E era muito valente
Assustava com o olhar
Mas protegia a gente
Era bonito e forte
Habilidoso também
Não temia nem a morte
Só fazia ali o bem
Mesmo sendo rapazote
Prestígios ele alcançou
E pra si seguia um mote
“tá comigo, o mau passou”!
Sua fama só crescia
Não parava de aumentar
E isso tudo só nutria
A invejar do Osmar
Primo velho de Simbá
Solteirão misterioso
Versado em enfeitiçar
Voduísta perigoso
Odiava encontrar
A alegria do rapaz
E passou a maquinar
Não sabia estar em paz
Em segredo preparou
Um feitiço arretado
E Simbá logo acabou
Ficando enfeitiçado
Foi em uma sexta feira
Após um belo jantar
Uma noite rotineira
Na varanda do solar
Enquanto olhava o céu
Se escorou no parapeito
Osmar fez o seu papel
Para dar tudo direito
Preparou zarabatana
Por demais envenenada
Enrolada numa membrana
De formiga agitada
E a seta foi certeira
Atingiu o coração
Titubeou na cadeira
E foi direto pro chão
No instante do ataque
Vejam o que aconteceu
O coitado de um baque
Sendo forte não morreu
Mas seu corpo antes forte
Aos poucos se transformou
E no destino um corte
Pois num rato se formou
Acordo desesperado
Sem saber o que fazer
Ficou desorientado
E o peito a doer
Num rato se transformou
Frágil e bem pequenininho
E por pouco o tal ficou
Menor que um passarinho
Sem saber o tal motivo
Decidiu investigar
Mas descobriu que o perigo
Logo que foi começar
Dando o primeiro passo
Encontrou uma angorá
Com a calda deu um laço
_ “mesmo um rato, eu sou Simbá!”
E o gato deu um pulo
Ao ouvir a voz do rato
E gritou: seu rato chulo!
Eu sou gata, não sou gato!
Pra surpresa de Simbá
A gata era encantada
O seu nome era Sinhá
Sendo muito alvoroçada
Não parava de falar
E queria atenção
Um minuto sem parar
Dava até uma congestão
Mas Sinhá sabia tudo
E queria ajudar
Disse: “vi o escuso
Que te fez enfeitiçar”
“Foi teu primo feiticeiro
Que atende por Osmar
Com um jeito bem faceiro
Pois só sabe te invejar”
“Eu vi tudo da sacada
Pois estava ao teu lado
Com uma seta envenenada
Te deixou enfeitiçado”
E Simbá muito assustado
Percebeu toda maldade
Entendeu bem o recado
Descobriu toda verdade
Não lembrou de perguntar
Como a gata então sabia
Como podia falar
Pois estava em agonia
De saber que foi traído
Pelo primo que estimava
Mas de coração moído
A vingança desejava
Mas Simbá desconhecia
Que também enfeitiçada
Sinhá era sua Maria
Sua antiga namorada
Foi ai que a gatinha
Com seu jeito delicado
Explicou bem bonitinha
Para aquele jovem Rato
Que pouco antes do noivado
Deu de desaparecer
O deixando amargurado
Triste quase a perecer
Maria de tão bonita
Aguçou muita cobiça
Do mal primo egoísta
Que sofria de malícia
Por Maria escolher
O amor do bom Simbá
Osmar decidiu fazer
Seu feitiço iniciar
Transformou a boa donzela
Numa gata delicada
Pra ficar de olho nela
Assim foi a castigada
Simbá de emocionado
Mal conseguia falar
Ficou mui paralisado
E se pôs logo a chorar
Afagou a bela gata
Com tamanha alegria
Agora mais do que nada
Encontrou sua Maria
Rápido Simbá pensou
Com ajuda de Maria
Um buraco ele formou
Com tamanha maestria
O casal unido agora
Planejou então vingar
E com o correr da hora
Foram encontrar Osmar
No sopé duma montanha
Um casebre de palhinha
A sujeira é tamanha
Tem aranha e baratinha
Entraram lá na cabana
Uma resposta procurando
E que sorte mui bacana
Acabaram encontrando
Num livro empoeirado
Debaixo de uma escada
Colocado bem ao lado
De um pote de cocada
Tava escrito todo a mão:
“... Pro feitiço acabar,
Preste muita atenção
É preciso se livrar...”
“cave um buraco fundo
Bem no meio do caminho
Siga o livro bem sisudo
Faça tudo direitinho”
“Com a morte da maldade
O feitiço vai findar
Crendo que isso é verdade
Tudo vai se consertar... “
Simbá e sua Maria
Unidos fizeram tudo
Um buraco cavaria
No meio do chão rombudo
Esconderam a armadilha
Com folhinhas do caminho
E Osmar perto, uma milha:
Nem imaginava o ninho!
Quando chegou o Osmar
No buraco tropeçou
Caiu sem esperar
E de dor não suportou
Com sua morte o feitiço
Do casal logo acabou
E aquele reboliço
Com amor se consertou
Se casaram alegremente
Na semana que seguiu
O amor venceu paciente
Derrotou o coração vil
Isso prova que apenas
Só o bom é vencedor
Mesmo que a duras penas
Não se vive sem amor
Mesmo que queiras vencer
Transbordando de maldade
Um dia vais perecer
Pela tua vaidade
Quem ama tudo consegue
E não sofre amargurado
Para o mal a dor persegue
E sofre como um coitado!
Conquiste o que quiser
Tendo Deus no coração
Sem mentir pra sua mulher
Ou mesmo pra seu irmão
Pro marido, mãe ou pai
Seja bom e muito honesto
Pra viver na santa Paz
Aqui finalizo o resto!
Santa Rita/ Paraíba; Janeiro de 2013
(reelaborado em Junho do corrente ano)