Manhã preguiçosa
Acordei muito indisposto
Não querendo trabalhar
Foi difícil levantar
E meio a contra gosto
Fui jogar água no rosto
Mas o sono não passava
A manhã iniciava
Um tristonho nevoeiro
Eu olhava o travesseiro
E a cama me chamava
O lençol ainda quente
A esposa ali deitada
Que preguiça desgraçada
Não vou seguir em frente
Faltarei ao meu batente
E perder meu compromisso
Sei que vou pagar por isso
Mas não fico chateado
Terei o dia descontado
Mas irei faltar serviço
Alvorada de Outono
Céu totalmente nublado
Corria um vento gelado
Não me largava o sono
Porém eu não sou dono
Sou um simples funcionário
Que ganha um salário
Pra minha sobrevivência
Vivendo na dependência
De um maldito empresário
Já estou bem atrasado
Na manhã gelada e triste
Minha duvida persiste
Permaneço aqui deitado
Ou encaro o trem lotado
Aproveito a cama quente
Ou marco o expediente
Se levo bronca do patrão
Ou se dou pro coração
Esse dia de presente
Eu abri minha janela
Não vi gente apressada
Uma chuva acanhada
Na paisagem se revela
E a esposa muito bela
Sonhando despreocupada
Nos lábios uma risada
Delatava o conteúdo
Pedia pra eu largar tudo
E deitar com sua amada
E naquele momento
Tomei minha decisão
Retornei para o colchão
Sem arrependimento
Que se dane o pagamento
A mulher me vendo ao lado
Deu-me um beijo arretado
E depois da coisa pronta
Foi aí que me dei conta
Que hoje era feriado
P S ASSIS