A SECA NO CEARÁ.
Chora todo o Ceará,
Com a seca que assola,
Não canta mais sabiá,
Povo sertanejo chora,
E o aboio do vaqueiro,
É choro de desespero,
Que pela chuva implora.
A terra morta e sedenta,
Pelas chuvas que não vem,
O sol escaldante esquenta,
Levando a esperança além,
Tem o milho que não vinga,
Morre os bichos na caatinga,
Com ele o homem também.
Vai-se as águas dos açudes,
Com essa enorme carência,
Preces pra que Deus ajude,
Vindo de choro e clemência,
Fitam os homens seu olhar,
No firmamento que está,
Um azul de grande opulência.
É grande a calamidade,
Com essa seca feroz,
A fome e a necessidade,
É como uma peste algoz,
Levando a tudo de eito,
Que o pobre não acha jeito,
A não ser levantar a voz.
Chora o homem do campo,
Na fome de todo o povo,
Casas se vestem de prantos,
Com a seca em seu estorvo,
Devido ao sol causticante,
Muitos viram retirantes,
A implorar por socorro.
E essa seca condenada,
Leva tudo o que puder,
Que sorte infortunada,
Consome do pobre a fé,
Manda embora o sitiante,
Em soluços incessantes,
Com essa brava maré.
Avoantes em retirada,
Vão embora do sertão,
Dessa seca prolongada,
Tirando do pobre o pão,
Sem chuva não há colheita,
Consumidas pelas secas,
Morre ressecado o chão.
Aquele milho gostoso,
Que se planta no monturo,
Estão longe de ser viçoso,
Amofina-se no chão duro,
Tem só palha as espigas,
Que a dura seca castiga,
Do pobre povo o futuro.
Animais emagrecendo,
Come palmas por ração,
Na sede está perecendo,
E a terra mole é torrão,
Miséria virou fartura,
Só o canto de amargura,
Vem de cada coração.
Roga povo e faz promessa,
Em tamanha sequidão,
Não há quermesse e festas,
De negro se cobre o chão,
Geme a casada e a viúva,
A esperar pelas chuvas,
Que traz vida pro sertão.
Assim sobrevive o Ceará,
Numa seca indomada,
Sem ter a onde plantar,
Por sequidão prolongada,
Restando apenas esperar,
A chuva que Deus mandar,
Pra ter a terra molhada.
Cosme B Araujo.
02/06/2013.