O voto
Meu amigo cumpanheiro
licença que vô sentá,
prá nois tê uma proza
Sei que ocê vai gosta.
Ocê sabi que lá
pros lados do arraia,
tem um dotô enfroiado
Coisa de admirá.
Toma bainho de piscina
Muiê tem pra daná,
Só anda de avião
Quando vai prá capitá.
Esses dias na istrada
Ia prá roça trabaiá,
Seu dotô passo por mim
Foi coisa de assumbrá.
Buzinó, buzinó ,buzinó
Saí logo do camim,
Prá seu dotô
Pudê logo passa.
Mas veja mermo cumpade,
Que admiração, o dotô
Parô o possante ali,
Foi logo istendendo a mão.
-Prá onde vai tão elegante?
Diga aí meu irmão,
Fiquei preocupado,
Será que estou adoidado
-É comigo que tá falano?
Me deu logo um aperto de mão
Meu bom amigo, qual sua graça?
Respondi meio acanhado
-Me chamo Juvená.
Juvená , nome bonito
Nome de cabra macho,
Nunca vi nada igual
Aqui nesse lugar.
Me deu um santinho Expedito
falô no meu ouvido,
Meu caro amigo Juvená
Isso é para você votar.
Num sei lê, nem iscrevê
Me descurpe seu dotô,
EU num posso ajudá
Me perdoe te decepcioná.
-Claro que pode Juvená
Não se acanhe, nem se amofine,
Lá tem uma cabine,
Facim, facim ,de votar.
Aperte o botão com esses números
Ocê vai ver a mim,
Aperte o botão verde
E ponto finá.
È... prometo Juvená
àgua encanada, comida na mesa
Estrada boa e terra,
Fértil para voce plantar.
E de novo me abraço
Sorriu e me deixou
Me senti importante
No seu dotô, acho que vô votá
Ajuntei a famia
Fi uma reunião.
Pedi atenção
E comecei a falá.
Vamo votá no seu dotô
Ele é especialista,
Entendido nas letras
E sabe agradá.
Ome culto estudado
Em mim confiou,
Me contou seus pranos
Nunca mai vamo sofrê.
Vai tê fartura de cumê
àgua incanada,
Estrada boa, vote no seu dotô
Tudo isso ele vai fazê.
Fui até aplaudido
Todo mundo acreditô,
Eu todo feliz por tê ajudado
Um ome tão bão, como seu dotô.
No dia da votação
De documento na maõ
E titu de eleitô com alegria apertá o butão.
E vi que ele não mentiu
Apareceu a cara dele,
E ele inté surriu
De tanta sastifação.
E naõ é que ele ganhô
Seu dotô foi eleito,
Era agora o prefeito
De Pedra de Tupiá.
Bem cedo no outro dia
Meti o pé na istrada,
Bem de madrugada
Fui com seu dotó falá.
Quando ele me vê vai pulá
de alegria até vai me chamá,
prá amurçar, mai quero vê
a terra que ele vai me dá.
Quando na casa cheguei
Tirei o chapeú entrei,
Ante sequer que eu pudesse falá
Um moço veio vindo.
Me olhou desconfiado
Que veio fazê amigo?
Está por aqui perdido?
Ou és um mendigo?
Senti o coipo istremecê
Quem é ocê? me arrespeite, camarada.
Se seu dotô súber que ocê me martratô,
Ocê vai fica é de cara inchada.
O esquisito me oiô
E se riu a vontade,
É loco, bebeu cachaça?
Era só o que me faltava.
-Num acredito
que ocê num intendeu
Sô amigo de seu dotô
Vá logo ome chamá, quero prozear.
Nisso lá vem seu dotô
Entro no carro
Grite:Seu dotô?
Ele nem iscutô
Se eu num fosse tão ligero
Tinha ficado sem os dedos,
Da pressa que ele Passô,
Eu fiquei sozinho a espiá.
O esquisito entrou
Fechô o portão,
E num é que o infeliz
Me jogô um pedaço de pão.
Mai sabe Jeremia
Acho a que seu dotô,
Deve tá me procurano
Ele num me viu, foi tudo um ingano.
E o mai triste nessa istoria
É que nunca mai vi seu dotô,
Ele esqueceu do que me prometeu,
Minha famia nele toda votô.
Agora lá em casa
Só água de barreiro,
Meninu chora que dá dó
Com fome nu terrero.
Deu praga na roça
O pouco que tinha se perdeu,
Cumida? Só um poco que resta
de farinha de mandioca.
Ô Juvená me adiscurpe
Nem quero sua esperança tirá,
Mais iguá a seu dotó
Tem muitos nesse lugar.
São iguá a andorinha
Só aparece no verão,
Sorriso laigo, tapinha nas costas
tudo só dura até a eleição.
Tu fosse mermo inganado
Assim como todos nois é,
Vamô continuá com fome
Andano nessa istrada a pé.
Sofreno chorano e gemeno
Rogando piedade,
Misericórdia a Jesus
e a Maria de Nazaré.
Será Jeremia?
Num posso acreditá.
Como pode um ome estudado,
Vivê aos pobre inganá.
Dá vontade pegar seu dotô
De jeito dá uma lição,
Poi na iscola que ele istudô
Num insinaram a ter bom coração.
Vo olhá nos oio dele
Vo falá bem arto
Seu dotô é verdade
Eu me chamo Juvená.
Ome que só trabaia
Prá de fome num morre,
Nessa vida só num aprendi
A lê nem iscrevê.
Outra coisa tamém
Num aprendi,e o senhor sabe bem,
Mentir, inganá, fazê um omem chorá
porque sua famia não pode sustenta.
É, ocê num se ingane
Com esses políticos,
Conversa mole, papo furado,
Nois pobre eles cada vez mais rico.
Cheio de discursos, surriso,
E farsidade, por isso preste atenção
Em que vai votá,
senão ocê tem 4 anos a mais, prá se arrepender e chorar.
Polly hundson
Só aparece no verão
São iguá
Só
Meu amigo cumpanheiro
licença que vô sentá,
prá nois tê uma proza
Sei que ocê vai gosta.
Ocê sabi que lá
pros lados do arraia,
tem um dotô enfroiado
Coisa de admirá.
Toma bainho de piscina
Muiê tem pra daná,
Só anda de avião
Quando vai prá capitá.
Esses dias na istrada
Ia prá roça trabaiá,
Seu dotô passo por mim
Foi coisa de assumbrá.
Buzinó, buzinó ,buzinó
Saí logo do camim,
Prá seu dotô
Pudê logo passa.
Mas veja mermo cumpade,
Que admiração, o dotô
Parô o possante ali,
Foi logo istendendo a mão.
-Prá onde vai tão elegante?
Diga aí meu irmão,
Fiquei preocupado,
Será que estou adoidado
-É comigo que tá falano?
Me deu logo um aperto de mão
Meu bom amigo, qual sua graça?
Respondi meio acanhado
-Me chamo Juvená.
Juvená , nome bonito
Nome de cabra macho,
Nunca vi nada igual
Aqui nesse lugar.
Me deu um santinho Expedito
falô no meu ouvido,
Meu caro amigo Juvená
Isso é para você votar.
Num sei lê, nem iscrevê
Me descurpe seu dotô,
EU num posso ajudá
Me perdoe te decepcioná.
-Claro que pode Juvená
Não se acanhe, nem se amofine,
Lá tem uma cabine,
Facim, facim ,de votar.
Aperte o botão com esses números
Ocê vai ver a mim,
Aperte o botão verde
E ponto finá.
È... prometo Juvená
àgua encanada, comida na mesa
Estrada boa e terra,
Fértil para voce plantar.
E de novo me abraço
Sorriu e me deixou
Me senti importante
No seu dotô, acho que vô votá
Ajuntei a famia
Fi uma reunião.
Pedi atenção
E comecei a falá.
Vamo votá no seu dotô
Ele é especialista,
Entendido nas letras
E sabe agradá.
Ome culto estudado
Em mim confiou,
Me contou seus pranos
Nunca mai vamo sofrê.
Vai tê fartura de cumê
àgua incanada,
Estrada boa, vote no seu dotô
Tudo isso ele vai fazê.
Fui até aplaudido
Todo mundo acreditô,
Eu todo feliz por tê ajudado
Um ome tão bão, como seu dotô.
No dia da votação
De documento na maõ
E titu de eleitô com alegria apertá o butão.
E vi que ele não mentiu
Apareceu a cara dele,
E ele inté surriu
De tanta sastifação.
E naõ é que ele ganhô
Seu dotô foi eleito,
Era agora o prefeito
De Pedra de Tupiá.
Bem cedo no outro dia
Meti o pé na istrada,
Bem de madrugada
Fui com seu dotó falá.
Quando ele me vê vai pulá
de alegria até vai me chamá,
prá amurçar, mai quero vê
a terra que ele vai me dá.
Quando na casa cheguei
Tirei o chapeú entrei,
Ante sequer que eu pudesse falá
Um moço veio vindo.
Me olhou desconfiado
Que veio fazê amigo?
Está por aqui perdido?
Ou és um mendigo?
Senti o coipo istremecê
Quem é ocê? me arrespeite, camarada.
Se seu dotô súber que ocê me martratô,
Ocê vai fica é de cara inchada.
O esquisito me oiô
E se riu a vontade,
É loco, bebeu cachaça?
Era só o que me faltava.
-Num acredito
que ocê num intendeu
Sô amigo de seu dotô
Vá logo ome chamá, quero prozear.
Nisso lá vem seu dotô
Entro no carro
Grite:Seu dotô?
Ele nem iscutô
Se eu num fosse tão ligero
Tinha ficado sem os dedos,
Da pressa que ele Passô,
Eu fiquei sozinho a espiá.
O esquisito entrou
Fechô o portão,
E num é que o infeliz
Me jogô um pedaço de pão.
Mai sabe Jeremia
Acho a que seu dotô,
Deve tá me procurano
Ele num me viu, foi tudo um ingano.
E o mai triste nessa istoria
É que nunca mai vi seu dotô,
Ele esqueceu do que me prometeu,
Minha famia nele toda votô.
Agora lá em casa
Só água de barreiro,
Meninu chora que dá dó
Com fome nu terrero.
Deu praga na roça
O pouco que tinha se perdeu,
Cumida? Só um poco que resta
de farinha de mandioca.
Ô Juvená me adiscurpe
Nem quero sua esperança tirá,
Mais iguá a seu dotó
Tem muitos nesse lugar.
São iguá a andorinha
Só aparece no verão,
Sorriso laigo, tapinha nas costas
tudo só dura até a eleição.
Tu fosse mermo inganado
Assim como todos nois é,
Vamô continuá com fome
Andano nessa istrada a pé.
Sofreno chorano e gemeno
Rogando piedade,
Misericórdia a Jesus
e a Maria de Nazaré.
Será Jeremia?
Num posso acreditá.
Como pode um ome estudado,
Vivê aos pobre inganá.
Dá vontade pegar seu dotô
De jeito dá uma lição,
Poi na iscola que ele istudô
Num insinaram a ter bom coração.
Vo olhá nos oio dele
Vo falá bem arto
Seu dotô é verdade
Eu me chamo Juvená.
Ome que só trabaia
Prá de fome num morre,
Nessa vida só num aprendi
A lê nem iscrevê.
Outra coisa tamém
Num aprendi,e o senhor sabe bem,
Mentir, inganá, fazê um omem chorá
porque sua famia não pode sustenta.
É, ocê num se ingane
Com esses políticos,
Conversa mole, papo furado,
Nois pobre eles cada vez mais rico.
Cheio de discursos, surriso,
E farsidade, por isso preste atenção
Em que vai votá,
senão ocê tem 4 anos a mais, prá se arrepender e chorar.
Polly hundson
Só aparece no verão
São iguá
Só