NA ERA DO SILICONE




NA ERA DO SILICONE
Silva Filho


Nesse mundo tão complexo
Com muita gente insone
Há quem recuse o sexo
Em homenagem ao clone;
Qualquer um fica perplexo
Quando procura por nexo
Na era do silicone.

Um peito bem torneado
Para impor mais respeito
O bumbum mais reforçado
Para bumbar preconceito;
Com o nariz arrebitado
E o brinquedo apertado
Mulher - produto perfeito.


Coisas da engenharia
Pra beleza feminina
Consertando a lataria
Qual carro na oficina;
Mas, talvez, sem garantia
Para reforma tardia
Que não fabrica menina.

Depois de tanta reforma
Tem-se a mulher-monumento
E o homem não se conforma
Com esse melhoramento;
Pois então impõe a norma
Que a mulher tome forma
De fêmea, no aposento.

Talvez por puro receio
Ou questão de vaidade
Não deixa premer os seios
Nem forçar a densidade;
Para não ficar alheio
Sai o homem em recreio
Fugindo da gravidade.


Por essas e outras mais
O clone veio a calhar
Se as rotinas carnais
A mulher não quer prestar;
Sem usar os genitais
As clonagens viscerais
Também podem emprenhar.