CORDEL – Pleonasmos (II)
 
 
          Como a primeira parte desse cordel recebeu boa aceitação do público, através de mais de sessenta leituras, atrevo-me a escrever o segundo capítulo, esperando que a mesma atenção seja dada a este humilde poeta, até mesmo porque pretendo fazer outros mais com o mesmo título, muito mais como brincadeira do que a veleidade de querer ensinar “Padre nosso a vigário”, como se diz na gíria. Meu abraço fraternal. Ansilgus.
 
 
CORDEL – Pleonasmos (II) – 21.05.2013
 
 
Regras de rimas ABABCDCD
Oitavas de sete sílabas poéticas
Elisão optativa
 
 
 
Um professor já dizia
Falando de futebol
Coisa da qual entendia
Pois um sujeito de escol
Tem-se de haver união
Da defesa com ataque
Tal elo de ligação
Pro time que só tem craque
 
Na zaga dupla de dois
Pra segurar a defesa
Não se deixa pra depois
É bom dominar a presa
Nunca vi dupla com três
E nem terceto com quatro
O time fica freguês
Perde de gato e sapato
 
Mas verdade verdadeira
Que no Brasil só tem bonde
Seleção de brincadeira
Se tem pior me diga onde?
Pois verdade mentirosa
Não existe dessa não
Nem em verso nem em prosa
Pra desgraça da nação
 
Vamos olhar com os olhos
O time do Felipão
Nós não usamos antolhos
Pra não ver a podridão
Quem pode ver com a testa?
Ou mesmo com o pescoço...
Então o pleonasmo infesta
E produz um alvoroço
 
Quando se toma sorvete
Daqueles da fruta boa
De logo vem o lembrete
De muito gostoso enjoa
Porém ninguém morre à míngua
Fica até querendo mais
Só se lambe com a língua
Com o nariz é demais
 
De mentira já ando cheio
Isso já virou mania
Pois presente em todo meio
E já virou até anarquia
Muitos dizem ser normal
Num mundo comprometido
Isto é um fato real
O povo assaz corrompido
 
No comício do político
Bem pertinho da eleição

Num ambiente fatídico
O povo estendia a mão
Era gente pra danado
Cada qual cantando loas
Parecia até mercado
A multidão de pessoas
 
Mas podia ser de coisas
Até mesmo dessas bobas
Quem sabe por vezes lousas
Mas só não mulheres lobas
Que se querem mordem mesmo
Pois são pessoas bem quentes
Porquanto comem torresmo
Sabem morder com os dentes
 
Porém na minha cidade
Morde-se com outro jeito
Não digo por caridade
Pois aqui tenho respeito
Não faço aqui panaceia
Vem a minha timidez
Estou certo que a estreia
Só pela primeira vez
 
Tem o tal de “cala a boca”
Que todo mundo bem fala
Por vezes dormem de touca
E então já mandam bala
Porque falou diferente
Não com a boca de cima
Mas um vento muito quente
Baixinho calou a rima
 
Falam que até vazamentos
São difíceis de tirar
Sempre provocam tormentos
Dá trabalho pra lascar
Quando repletos de inseto
A coisa é diferente
Só dá goteira no teto
Logo na casa da gente
 
De tal modo em inverno
Quando a chuva vem caindo
Provocando um inferno
As panelas só tinindo
No panorama geral
Vira até ebulição
Sempre notamos o mal
Sem aprender a lição
 
Aí quando prefiro mais
Eis porque é mais melhor
Falar as minhas besteiras
Compor o meu besteirol
Preferir menos eu posso
Porém mais melhor é danado
Bom rezar o Padre Nosso
Pra ninguém ficar magoado
 
Prefiro ganhar de graça
Um presentinho qualquer
Criar novas ameaças
Nos meus versos de aluguel
Para enriquecer a minha
Própria autobiografia
Melhorar tudo que eu tinha
E cair nessa folia
 
Ansilgus
 
 
Pleonasmos utilizados
Elo de ligação
Dupla de dois
Verdade verdadeira
Olhar com os olhos
Lamber com a língua
Isto é um fato real
Multidão de pessoas
Morder com os dentes
Estreia pela primeira vez
Cala a boca
Goteira no teto
Panorama geral
Prefiro mais
Mais melhor
Ganhar de graça
Criar novas
Própria autobiografia
 
Continua no próximo.
ansilgus
Enviado por ansilgus em 24/05/2013
Código do texto: T4307415
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