Cordel aquele menino

Aquele menino pobre

Vem de uma família nobre

Mas não teve distinção

Num ambiente restrito

Vivera como um precito

Sem nenhuma proteção

Não teve uma infância bela

Longe da casa singela

Cantara seu sofrimento

Um verdadeiro andarilho

Para o mundo um peralvilho

Para Deus um ser portento

Na distancia dos seus pais

Viu momentos desiguais

Na sua tétrica existência

Jogado no mundo a esmo

Reflete consigo mesmo

A mais terrível pendencia

Num ostracismo bisonho

Ele se torna medonho

Na face deste planeta

Cantando a rude desgraça

Excomunga a populaça

Como um triste anacoreta

Sentindo a decrepitude

Aquele menino rude

Teme a negra solidão

Longe da casa paterna

Canta a mágoa sempiterna

Que mora em seu coração

Naquele ambiente fosco

Aquele menino tosco

Se tornara pensabundo

E como um ser melancólico

Canta o mundo diabólico

Como o mais terrível mundo

Como um triste madrigaz

Aquele menino audaz

Se tornara um malandéu

Sem garra de aventureiro

Aceitara o cativeiro

Deste mundo de labéu

Este rebento labrego

Nunca teve um aconchego

Neste mundo tenebroso

E como menino pobre

Canta como Antonio Nobre

Este mundo mentiroso

Cordel de autoria do poeta e ex-repentista russano Antonio Agostinho, hoje homem dedicado às letras.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 24/05/2013
Reeditado em 25/05/2013
Código do texto: T4306901
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