Cordel ao herói campesino
No passo da peonagem
Em faço a minha romagem
Pelo meu velho sertão
Trazendo dentro do peito
O verdadeiro conceito
Do nosso velho rincão
Nesse meu sertão querido
Eu vou cantando o gemido
Do caboclo agricultor
Esse rebento matuto
É visto como um bruto
Explorando seu labor
Na mais pesada labuta
O sertanejo disputa
A vida com mais respeito
Sem temor ao sofrimento
O sertanejo portento
Vai cantando satisfeito
No seu convívio modesto
Ergue o sertanejo lesto
A clava da abolição
Num debate sem temor
O nosso herói agricultor
Proclama a libertação
Não teme a luta ferrenha
O sertanejo da brenha
Sempre fora um paladino
Na mais tremenda disputa
Não se curva na labuta
Do seu labor campesino
Não dispõe de clavinote
Não briga de piparote
Quando quer se libertar
Mostra a clava verdadeira
A picareta brejeira
Que a prendera a manejar
No seu trabalho estupendo
O sertanejo pudendo
Não foge à grande labuta
Porque seu maior pendor
É ser bom trabalhador
É ser portento na luta
Na quentura do nordeste
O meu sertanejo agreste
Canta a vida proletária
Sentindo grande constêrno
Pedindo terra ao governo
Pra nossa reforma agrária
Cordel de autoria do poeta e ex-repentista russano Antonio Agostinho, hoje homem dedicado às letras.