DE FILHO PRA MÃE.
Falar dela é precioso
Como o valor do marfim
É vontade de ver de novo
É uma saudade sem fim
Ela é a flôr do avelã
É também o flaboiã
Plantado dentro de mim.
Plantado e bem regado
Pelo o amor que me deu
Se espalhou feito rama
Frutificou e cresceu
Foi o cedro mais perfumado
Admirado e honrado
No solo que lhe acolheu.
No reino das mães
Cada uma é rainha
Com seu trono e coroa
Com sua espada e bainha
Quem tem ame e abraçe
Lhe beije o rubor da face
Eu já não tenho a minha.
Não tenho no corpo físico
Que essa vida lhe deu
Tenho na minha lembrança
Tudo que me ofereceu
As canções que solfejava
A face que me beijava
Isso eu tenho, não morreu.
Como também não morreu
Essa saudade que aflora
Ah se eu pudesse sentir
O seu perfume agora
Ouvir sua voz em estribilho
Suavimente chamando filho
E eu respondendo, senhora!
Senhora das noites mal dormidas
Entre febres, insonias e cansaços
Me aninhava em seu colo
Me apertava em laços
Corria quando eu chorava
Vinha a onde eu estava
Quando eu lhe dava os braços.
Estendo os braços hoje
Mais não encontro os seus
Pra entrelaçar em amor
Os dela junto com os meus
Mais sei que em um bom lugar
Por certo ela deve está
Se abraçando com DEUS.
Minha mãe joia excelente
Que Deus do ceu garimpou
A pedra mais trabalhada
Que suas mãos lapidou
Depois de pronta a arte
Arrematou fez resgate
E ELE mesmo a comprou.
Tão rica em amor
Tão simples criatura
Renúncia e tolerância
Bondade em fartura
Escrava e heroína
Combinação Divina
A mais perfeita mistura.
Sendo filho de quem fui
Fui feliz, sou agredecido
Fui amado, hoje amo
Fui criado, hoje crescido
Fui criança, hoje adulto
Fui semente, hoje fruto
Já bem amadurecido.
Preciso de muita força
Pois a minha tá fraquinha
Careço de um renovo
Pra prosseguir nessa linha
Da vida que escrvi
Hoje choro porque perdi
O maior patrimonio que tinha.
Agora tomo esse cálice
De sabor tão medonho
Me embriago em desejos
De vê-la um dia suponho
Com seu sorriso exposto
Pra que eu lhe beije o rosto
Esse é meu grande sonho.
Ela foi minha dádiva
Foi o meu galardão
Foi uma chuva de benção
No leito do coração
Foi a semente e a terra
Foi a flôr do pé de serra
Capricho da criação.
Foi um querubim na terra
Que por milagre surgiu
Como um fogo perene
Que nunca se extinguiu
Foi a beleza e ternura
Pureza nata e candura
Ourou, amou e serviu.