CORDEL - Pleonasmos (I)
 
 
O que vem a ser pleonasmo (?), alguns perguntam! Segundo pesquisas na internet, tem-se que é uma figura de linguagem usada para intensificar o significado de um termo através da repetição da própria palavra ou da ideia contida nela. A palavra pleonasmo tem origem no latim "pleonasmu" e significa redundância. É assim uma espécie de reforço ao que fora dito, pronunciado, e de vez em quando nos deparamos repetindo alguns deles no dia a dia. Há pleonasmos intencionais, propositais utilizados até por grandes compositores e poetas no mundo inteiro, notadamente quando se deseja que o leitor ou ouvinte se surpreenda e fique mais atento ao que está sendo escrito ou falado. Há os pleonasmos viciosos, que devem ser evitados, por exemplo: “Em vi com os próprios olhos que a terra há de comer”.
 
CORDEL DO PLEONASMO
19.05.2013
 
Fiquei com a cuca coçando
Quando o sujeito falou
Cego dos olhos ficando
Por Deus o Nosso Senhor
Coisa assim não escolho
Não se tem como salvar
Se estiver cego é do olho
Ninguém pode duvidar
 
Depois ouvi no hospital
Uma enfermeira bem grande
Uma coisa infernal
Doente sangrava sangue
Não sei se bem ou se mal
Pois provinha duma gangue
Verdade sem nada igual
Esfolada estava a glande
 
Então chegou um baitola
Antes que eu me esqueça
Trazendo numa gaiola
Um maluco da cabeça
Daqueles doidos varridos
Que nunca mais vai ter cura
Miolos comprometidos
Com toda cabeça impura
 
Precisou levar o cara
Pra sala de cirurgia
Mas só debaixo de vara
O tal danado atendia
Vamos subir lá pra cima
Dizia o chefe da turma
Não pode subir pra baixo
Com essa não há quem durma
 
Mas então quando chegar
Depois de ser atendido
Nós vamos descer pra baixo
Que fica tudo entendido
Porquanto descer pra cima
Fica meio atrapalhado
Nem sequer se aproxima
E termina tudo errado
 
Foi quando chegou ao quarto
Com a porta tão estreita
Quase que tem um infarto
Parecia até mutreta
Mas logo entraram pra dentro
Aperto aqui e acolá
Tinha cara bem sedento
Que não dava pra passar
 
A hemorragia de sangue
Não parava um minuto
Tinha havido um bangue-bangue
Mas o cara estava enxuto
Uma vitamina KA
Foi dada de prontidão
Pro sangue coagular
E salvar o cidadão
 
Não queremos criticar
Pois são pessoas humanas
Não se pode humilhar
Pois todos são bem bacanas
Pessoa pode ser bicho?
Essa dúvida é cruel
Algumas vivem no lixo
E amargam tal qual o fel
 
Mas todos foram unânimes
Não podia ser em parte
Nem mesmo sendo equânimes
Só se fosse lá em marte
Cuja língua não conheço
Pois dela não faço parte
E também não tenho apreço
Por nenhum trabalho de arte
 
Certo dia fui buscar
Minha roupa no alfaiate
Que me mandou esperar
Faltava só arremate
Espero termine logo
Pois muito bem, menos mal,
O movimento está fogo
Falta acabamento final
 
Ao amanhecer o dia
A roupa estava pronta
Rezei uma Ave Maria
A cabeça ficou tonta
Que surpresa inesperada!
Que me pegou de mau jeito
Uma maçada danada
Deu-me muita dor no peito
 
Um famoso amigo meu
Que jogava futebol
Uma gafe cometeu
Num belo dia de sol
Queria conviver junto
Com uma bela mulher
É quando então me pergunto
Por que feia ninguém quer?
 
É bom encarar de frente
Toda essa situação
Pois feia também é gente
Nunca vale a humilhação
Pode logo gritar alto
Porque você tem direito
Sendo da rua ou do asfalto
Merece todo respeito
 
Mas com certeza absoluta
Não há quem possa evitar
Que uma mulher impoluta
Não goste de namorar
Pois cheira com o nariz
Uma coisa bem normal
Não é assim que se diz
O pleonasmo é fatal
 
 
Ansilgus
 
Pleonasmos utilizados:
Cego dos olhos
Sangrava sangue
Maluco da cabeça
Subir pra cima
Descer pra baixo
Entrar pra dentro
Sair pra fora
Hemorragia de sangue
Pessoa humana
Unanimidade de todos
Acabamento final
Amanhecer o dia
Surpresa inesperada
Conviver junto
Encarar de frente
Gritar alto
Certeza absoluta
Cheirar com o nariz
 
Continua no próximo cordel.


Foto: INTERNET
ansilgus
Enviado por ansilgus em 20/05/2013
Reeditado em 22/05/2013
Código do texto: T4300122
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