CORDEL DE PAIXÃO
CORDEL DE PAIXÃO
Vi na casinha da encosta do caminho
Na parede de reboco penduradas,
Velhas lembranças de tua mocidade...
Fotografias tão antigas e amareladas.
Num retrato teu sorriso é tão bonito,
Vestido de chita recaído até o chão,
Branca flor nos cabelos umedecidos,
Os teus olhos marejados de paixão.
O candeeiro de luzes tão preguiçosas,
Tão solitário, tão carente enferrujou
A chama viva que alumiava teu olhar,
De tristeza há muito tempo se apagou.
Dois corações desenhados com carvão,
Que deixaste em nome do nosso amor,
Ainda estão bem visíveis atrás da porta,
Me causando tanta saudade e tanta dor.
Ouço ainda o sussurro dos teus lábios
Na fresca brisa passando pela janela.
Sinto o perfume que para mim usavas,
Água de cheiro com teu cheiro de donzela.
Do livro Poeira e Flor – vol II