Coração de aço
Bon vivant não é ricaço
Tatuagem, u'a no braço
Negra, loura, morenaço
Só o pitéu, um pedaço
Tu és linda, mulheraço
Vem que te dou amasso
Quente que nem mormaço
Vixe! Sai pra lá, devasso!
Tá escrito no antebraço
Um tatoo, estardalhaço
Mas que caneta! Pernaço
Armaria, que embaraço!
O chefe dá um cagaço
Aquele cruel bandidaço
Ele diz: faço e desfaço
Arre égua, soco no baço!
Eu tento, vem o cansaço
De tantas, tô meio lasso
Do circo não sou palhaço
Elefante, pois arregaço!
Argentina tem panelaço
Em Sampa tem buzinaço
Poemas no papel almaço
Suplantei todo fracasso
Teu Lampião, rei do cangaço
Maria Bonita, ai que corpaço
No teu colo o meu regaço
Cuidado com o tiro, balaço
No velho coração de aço
A bala fez furo, estilhaço
Agora, uso um marca-passo
Bate tum-tum no compasso
Poema sincero eu faço
Ilmar, tu és meu amigaço
E o Flu, que belo timaço
No K, na Terra, no espaço
No chão pisei em falso
No pé ainda o inchaço
Uso sapato sem cadarço
A pata dói, mas disfarço
Pra endireitar o espinhaço
RPG e massagem eu faço
Doutora deu um esfregaço
A dor veio parar no braço
Eu quase me descompasso
Não deixo o cordel escasso
Aí, combino asso com aço
Peraí, sem rima não passo!
Não dou passo em falso
Eu peço, jamais ameaço
Minha flor, quero um abraço
De vera, amor no meu laço
No Coral eu desembaraço
Recanto é o ciberespaço
Verso é prosa, calhamaço
Poesias no hiperespaço
Da cana vem o melaço
Estrelas vejo do terraço
Do algodão fiz chumaço
Fumo, pitei nenhum maço
Pra entrar no clima refaço
A prosa do coração de aço
Então, restou-me o bagaço
E sigo rimando com traço
E nessa trova tão meiga
Brincando, esqueço do aço
Pra vos dizer num abraço
Ô coração véi de manteiga!