O tempo II Autor: Damião Metamorfose.
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Cada dia um novo sol
Invadindo uma nova fresta.
Trazendo luz pra os bons
E também pra quem não presta.
É o tempo subtraindo
O tempo que ainda resta!
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O tempo chega e faz festa
Na vida e no dia a dia...
Diminui a criação
Tira o tempo de quem cria.
Por isso há tempos que eu
Escrevo menos poesia!
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Cobra tributo e franquia
Daquele que planejou
Um futuro no presente
E a semente não plantou
Ninguém escapa da conta
Que o tempo foi quem cobrou
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O tempo modificou
Toda a cor dos meus cabelos.
E não adianta pintar,
Fazer mechas ou apelos...
Ou eu aceito os grisalhos
Ou aumenta os pesadelos!
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É modelo entre os modelos,
Quem aponta e elimina,
Quem traça o nosso caminho
A rota que nos destina.
E o dito mais popular
É o que diz: que o tempo ensina!
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Lentamente o tempo mina
A resistência da gente.
Transforma a corrida em “xoto”
E em passada lentamente.
Quem é duro fica mole
Morno e frio quem foi quente!
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Mesmo sendo lentamente
O tempo age sem pena.
Faz o perto ficar longe
E o longe, a gota serena.
E com o tempo a roda grande
Iria entrar na pequena!
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O tempo constrói a cena
Depois destrói o cenário.
Faz do seu maior problema
Motivo de riso hilário.
Só não muda essa merreca
Do mínimo desse salário!
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Houve um tempo que o falsário
Era o justo de fachada.
E o tempo que o coronel
Mandava na caboclada.
Fazenda grandes fortunas...
Trabalho em troca de nada!
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O tempo é roupa surrada,
Que nunca perde a medida.
Sempre cai feito uma luva
Sem ter forma repetida.
É com o tempo que se aprende
As boas lições de vida!
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O tempo faz a tangida
E leva pra bem distante.
O que é aparente perto
Ou aparente importante.
Só o tempo leva e traz
O que ele quer num instante!
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O tempo é muito importante
Em tudo e toda investida.
É ele que abre e fecha
As chagas ou uma ferida.
Sábio mais sábio que o tempo
Não tem outro nesta vida!
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Nos tempos áureos da vida
Tudo era tão diferente.
Os pobres eram tratados
Feito bicho ou delinquente...
No tempo de hoje o pobre
Tem vida mais ascendente!
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No tempo do frio ou quente
Se usa jaqueta ou regata.
No tempo da seca a fome
Deixa desnutrido ou mata
Sou do tempo do LP
Que virou CD pirata!
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Tempo ensina a forma exata
Que não se ensina na escola.
Faz lembrar a bola fora
E esquecer quem joga bola.
Derruba o maior império
E enrica a quem pede esmola!
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Quem na velhice decola
E é saudável aos sessenta...
Convivendo com a idade
Sem ter a vida sedenta.
Soube aproveitar o tempo
Se não soube ao menos tenta.
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E a minha certeza aumenta
Que a vida é uma ilusão.
Por mais que eu ganhe dinheiro,
Fama, ou seja, um cidadão...
Os meus “melhores” amigos
Vão às alças do caixão!
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Fim.