GALOPE DA VIDA



GALOPE DA VIDA
Silva Filho


Para quem se compraz em rimar
Tem o dom inaudito fulgor
Pois da mente é o fiel tradutor
Emoções sempre estão a jorrar;
O que o bardo quer descortinar
Vem da verve em jargão de magia
Um clarão que por dentro alumia
Desvelando a melhor compleição
NO GALOPE QUE TEM O REFRÃO
VOU COLHENDO A MELHOR POESIA.

Os amigos me levam a reboque
Numa trilha escabrosa, alpestre
Pois aqui no passeio eqüestre
No meu verso vou dando retoque;
Meu cavalo conhece o emboque
Para andar em qualquer freguesia
Norte a Sul, sem faltar cercania
Que perguntem ao meu alazão
NO GALOPE QUE TEM O REFRÃO
VOU COLHENDO A MELHOR POESIA.

Faço verso dormindo e sonhando
Mas sonhando deleto o arquivo
Acordando constato - estou vivo
Foi com a vida que estive rimando;
Logo alguém já está me lembrando
Que o trabalho também é porfia
Sem suar não se tem mordomia
Não se tem nem arroz nem feijão
NO GALOPE QUE TEM O REFRÃO
VOU COLHENDO A MELHOR POESIA.

Já tentei ser um bom escritor
Mas o verso tornou-se um vício
Minha luta não tem armistício
Pra viver sempre sou contendor;
Ao estudo ninguém dá valor
Num contexto de pura anarquia
Meu diploma, que há muito não via
Retornou sem achar um Pistolão
NO GALOPE QUE TEM O REFRÃO
VOU COLHENDO A MELHOR POESIA.

Até mais, vou seguindo em frente
Meu galope com fome não rima
Se o meu verso me dá auto-estima
O trabalho me traz nutrientes;
Mesmo sendo alguém renitente
Não consigo passar mais um dia
Nos passeios em vã montaria
Sem dinheiro inflando o colchão
NO GALOPE QUE TEM O REFRÃO
VOU COLHENDO A MELHOR POESIA.