Oficina do diabo toda cabeça vazia
A coisa tá muito feia
Valei-me minha nossa senhora
É assalto a luz do dia
O que será de nós agora?
O bandido além do roubo
Puxa o gatilho da pistola
Com um bom advogado ele não fica na gaiola
O safado sai sorrindo daquela sala pra fora
Depois de pagar fiança, dando tchau vai embora
Se essa lei não mudar, estamos nas unhas do cão
O povão foi desarmado, porém os bandidos não
Tá preso quem é honesto
E solto quem é ladrão
Agente vai trabalhar, nem sabe se chega lá
Porque o assaltante tá pronto pra atacar
Muitas vezes nos leva a vida pelo prazer de matar
Polícia prende bandido
Justiça manda soltar
Bandido tá equipado, metralhadora e facão
Arma de grosso calibre a sua disposição
Deve ter até bazuca
Só falta mesmo o canhão
Sou contra a pena de morte
Mas tenho outra opinião
Bandido no meu governo
Só dormia na prisão
Durante o dia trabalhava
Contra a vontade ou não
Assim ele trabalhando
Não entrava em depressão
Vinte e quatro mil reais por ano
Custa um bandido para o Estado
Menos da metade disso
Ganha um assalariado
E vive sempre reclamando
Do aluguel atrasado
Se eu fosse o presidente
Uma coisa eu faria
Perto das grandes cidades
Presídio não existia
Eu arrumava uma forma
Todo preso produzia
A sua alimentação
Ele mesmo garantia
Trabalhava na lavoura umas 8 horas por dia
Ainda praticava esportes
Jogava bola e corria
A noite ele estudava
Uma profissão aprendia
Depois disso tava cansado
Em pouco tempo dormia
Oficina do diabo
Toda cabeça vazia
Com tornozeleira eletrônica
Dificilmente fugia
E guarda bem preparado
Vigiava noite e dia
E câmera de segurança
Toda área cobria
Se alguém tentasse escapar
Logo a polícia sabia
Tem na marmita do preso
Bife, arroz e feijão
Tomate e batatinha
Alface e macarrão
E só tem arroz e ovo
Na marmita do peão
Às vezes é só no almoço
A janta é café com pão
A gente vive ralando
Pra da comida a ladrão
Se não gostarem da comida
Está feita a confusão
Quebra tudo que puder
Bota fogo em Coxão
Mata colega de cela
Já forma rebelião
Quando digitei esses versos
Na casa de meu avô
Apenas só escrevi
Foi zé ninguém que mandou
Se eu peguei pesado
Peço desculpas doutor.
Fim
*Texto dedicado a José Luiz Datena