o pesadelo.
Eu conheci um casal
Que felizmente vivia
Ele se denominava
Joao Alberto Maria
E a sua concubina
Chamava-se Guilhermina
Cabocla brava arredia
Uma mulher decidida
Que vivia na labuta
Trabalhava noite e dia
Nunca fugia da luta
Mulher forte e dedicada
Hora fina e delicada
E hora grossa e bem bruta
Casou-se com seu João
E vivia muito bem
La nos confins do sertão
Sem depender de ninguém
Porem então certo dia
João Alberto Maria
Sentiu da vida um refém
Pois a vida lhe traçou
Um destino traiçoeiro
Ele homem lutador
Um homem forte guerreiro
Nunca foi um traidor
E dava muito valor
Para seu amor primeiro
Mas aconteceu um causo
Que vou aqui relatar
Certo dia Guilhermina
Saiu para trabalhar
Ficou fora o dia inteiro
Mas ao chegar ao terreiro
Começou desconfiar
Porque não viu seu amor
Que a sempre recebia
Abraçava e a beijava
Com carinho e alegria
A casa toda trancada
Uma sandália deixada
Na soleira existia
Ela perguntou meu Deus?
O que acontece aqui
Sou fiel a meu marido
E eu nunca lhe traí
E ficou muito confusa
Quando uma linda blusa
Ela viu jogada ali
Abriu a porta da casa
Entrou na ponta do pé
Perdeu todo seu controle
Ao ouvir uma mulher
Que em seu quarto gemia
Mas que ela não a via
Perguntou meu Deus que é?
Sua mente nessa hora
Criou uma fantasia
Que o seu esposo amado
Certamente lhe traia
E pensou em se vingar
E disse vou acabar
Com você João Maria
Então foi devagarinho
Pra ninguém desconfiar
Encheu de agua a panela
E botou pra esquentar
Quando começou ferver
Ela disse vais morrer
Pra saber me respeitar
Então pegou a panela
Com agua em ebulição
Dirigindo para o quarto
Com raiva no coração
Jogou naquela mulher
Queimou da cabeça ao pé
Que morreu sem ter perdão
Então naquele momento
Seu João se levantou
Deu um soco na esposa
Que o seu olho estourou
E caiu morta no chão
Naquela hora João
Sentou na cama e chorou
Ele sem entender nada
Desse momento tirano
Tampando o rosto cá mão
Continuava chorando
E com os olhos fechados
Ele viu bem do seu lado
A esposa o abraçando
Virando o rosto de lado
Viu também a sua amante
Com o seu corpo queimado
Também sangrando bastante
Dando gritos assustado
Acordou apavorado
Desse sonho emocionante
Guilhermina perguntou
Porque essa aflição
Abraçou o seu marido
Que apavorado então
Falou do seu pesadelo
Desejou nunca mais tê-lo
E a Deus pediu perdão.
Sei que todo ser humano
Na vida sonhou um dia
Algum sonho trás tristeza
Outros nos trás alegria
Mas sonhar não é pecado
Quem não sonhou acordado
Já sonhou quando dormia.
Ora, José teve um sonho, e o contou aos seus irmãos, que o detestaram ainda mais: (Gênesis 37, 5).