O fim da seca ou chuvas de Abril. Autor: Damião Metamorfose.

*

Matas cinzentas,

É a seca no Nordeste, Matando mais que a peste,

Castigando o agricultor.

Não teve reza...

Que nos trouxesse o inverno, Para aplacar este inferno

Com cheiro de morte e dor.

*

Não teve flor

De pau d arco e umburana, jatobá e getirana

Facheiro e mandacaru...

Infelizmente

Sem torreão no nascente, relâmpago, trovão, enchente

Quem se farta é o urubu.

*

Nem o enxu

Fez a colméia na broca, na roça nem tamboroca

De melancia vingou.

Dona cigarra

Cantou no mês de janeiro, fevereiro e março inteiro

Até que estorricou!

*

Abril chegou

Seco, sisudo e cinzento... Pensei: vai ser cem por cento

De sofrimento e verão.

Poços secando

Incêndios por toda parte, paisagem da lua ou marte...

Predominaram o Sertão.

*

Só no porão

Muitos açudes ficaram e os pequenos secaram

O peixe todo morreu!

Ar carregado

De poeira esvoaçante, sol brilhante e escaldante

Deu quarenta creio eu.

*

Hoje choveu

Lagoa encheu de água nova, o sapo já botou ova,

Molhou até minha rede.

Se Deus quiser

Vai continuar chovendo, quero vê açude enchendo

Para acabar essa sede!

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 20/04/2013
Código do texto: T4251288
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.