O LAMENTO DE UM CONDOLENTE
*Elias Alves Aranha
Escute o lamento que vou recitar,
Esta história triste e comovida,
De quem há meio século subiu o altar,
Com o grande amor de sua vida.
Cinqüenta anos depois daquele dia,
Depois daquele feliz e venturoso momento,
O amor transformou-se em melodia,
Ao brindar cinco décadas de casamento.
Juntos sempre nas jornadas desta vida,
Sem temor das lutas árduas do cotidiano,
Meio século de estrada percorrida,
Bendizendo e agradecendo as bênçãos do soberano.
Suas lutas mantiveram sempre ativas,
Sem ficar um só dia sem ação,
Sempre unidos entre aplausos e vivas,
Aquelas vidas tinham feliz união.
Deus guiou e juntos prosseguiram,
Sempre cantando alegres hinos de venturas,
Sempre colhendo os frutos que lhes viram,
E com as bênçãos produziram muitas farturas.
Muitas vezes o vendaval e a tempestade,
Despejavam algum dano em suas vidas,
Mas logo no horizonte despontava a claridade,
E o temor já era algo extinguido.
De mãos dadas caminhavam muito felizes,
Confiando em Deus sem temer inglória,
E assim o vosso sentimento criou raízes,
Formou um amor majestoso e de história.
Nas mãos de ambos viam a Bíblia iluminada,
Como uma estrela iluminando vossa existência,
Muito orgulho despertava a esposa amada,
Que sem mancha manteve o amor e a sua essência.
Aquela estrela que no céu exibe brilho,
É o emblema da beleza que perdura,
E ele olha em seus netos e seus filhos,
E vê neles essa fé que o fulgura.
A vitória tanto é dele quanto é dela,
A coroa da longa senda já vencida,
E vê a estrela a namorar a lua etérea,
E pressente vossas vidas mais unidas.
Com vossos beijos, os próprios sonhos embriagaram,
Ela foi a incomparável companheira,
A flor que um dia na fértil haste colhera,
Linda flor que exaltará a vida inteira.
E vivendo aquela doce melodia,
Extasiados como jovens no namoro,
Contando com ansiedade horas e dia,
Da sonhada e desejada “Bodas de Ouro”.
Tudo parecia tão perfeito,
Detalharam com máximo de cuidado,
Todos os pormenores a serem feitos,
Cerimônia, ambiente, e convidados.
Tudo estava preparado só esperava,
Juntamente com convidados e todos os seus,
Com seus planos perfeitos, mas não esperava,
Com o projeto do Supremo e Sábio Deus.
Voltados para os preparos na correria,
Não previa que alguém passasse mal,
Uma inglória que oculta antecedia,
Indesejada, trouxeram-lhes uma surpresa fatal.
Então, ressoou o clarim da divindade,
E a sua doce amada daqui partia...
Levando toda a sua felicidade,
A inesquecível Geralda, dessa vida despedia.
O noivo que esperava a sua volta,
E boas noticias da Assistência social,
Recebe a ligação e um grito solta,
Lamentando o AVC que foi fatal.
SIMEÃO homem de gênio impaciente,
Sofreu naquele momento uma dor infernal,
Foi um choque do impasse comovente,
Qual projétil ou da ponta do punhal.
Sentiu-se o menor ser deste mundo,
Nas pancadas da vida nada doeu,
Como o golpe que cortou mais que profundo,
No momento do telefonema que recebeu.
O raciocínio de SIMEÃO sofreu um nó,
Numa crise de choro como criança,
Ele chorava que a todos fazia dó,
Por sentir que esvaziava toda a sua esperança.
O amor de sua vida sempre foi ela,
A mulher que ocupou seu coração,
Por tanto esperava toda bela,
No entanto ela voltava num caixão.
Presos um ao outro como num laço,
Extasiado e interrompido pela dor,
Perdera quem a teve sempre nos braços,
Pois a morte levara seu grande amor.
Naquele momento, GERALDA de mão posta,
E os convidados tiveram os planos invertido,
Às condolências SIMEÂO não tinha resposta,
Uma pane interrompeu os seus sentidos.
E a festa que estava preparada,
O destino sem piedade interrompia,
Diante da comunidade mobilizada,
A noticia muito rápida corria.
A personagem da cerimônia expirou,
Abalando a doce tranqüilidade,
A tristeza em sua alma baixou,
Tirando de tudo a sua vontade.
Lembro que durante o luto,
Conversando com o SIMEÃO,
Falou sobre GERALDA e o seu tributo,
Durante o seu convívio só lhe dera satisfação.
Entre as virgens ele escolheu GERALDA
Sempre lhe amou e foi fiel,
A sua eterna namorada,
Que nos amores seus lábios destilavam mel.
Nas noites de verão SIMEÃO namora as estrelas,
Junto a elas o encanto lhe mantém apaixonado,
Aparece GERALDA! Que SIMEÃO que revê-la,
Pois sempre quer ser seu namorado.
Deus levou você e deixou ele sozinho,
Está se preparando para o aconchego divinal,
No céu vocês estarão juntinhos,
Com os anjos cantando em coro celestial.