Fuxico em Cordel

fuxico em Cordel foi a principio um texto dramatizado que em seguida tornou-se esse cordelzinho... Espero que gostem.

(CIA Criando Arte de Varjota – CE)

Nesse palco minha gente

Vim agora lhe contar

A história duns cumpades

Lá das banda do Ceará

O Miguelim e a Raimunda

Que só vivem a fofocar.

Vem entrando o Miguelim

Todo tropo e desengonçado

Conferindo o seu cheiro

Se perfumando que é danado

Pense num caboco faceiro

E mesmo assim malamanhado.

Miguelim:

Agora tô bonito

Me livrei da pudridão

Já tava era impregnada

Aquela catinga do cão

Tava fedendo a macaco

Matado e estendido no chão

O Cão é um bicho danado

Se não vem manda a ajuda

Foi só falar pra aparecer

A demônia carrancuda

Aquela língua de faca

A tal da Dona Raimunda.

-x-x-x-

Dona Raimunda aparece

Com sua roupa bonita

Sempre muito elegante

Com seu vestido de chita

E sua língua comprida

Que na vida dos outros palpita.

Raimunda:

Boa noite Miguelim

Que bom lhe encontrar

Mas eita que cheiro danado

Parece que vai namorar...

Quem é a mulher de hoje

Que está a lhe esperar?

Miguelim:

Escute aqui D. Raimunda

Não é o que tá pensando não

Um homem não pode mais

Nem caprichar na arrumação

Que a Senhora vem logo

Cheia das insinuação

Raimunda:

Aparecida é que tem sorte

De ter um marido tão caprichoso

Miguelim:

Raimunda vou lhe dizer

Sou um homem muito vaidoso

Gosto muito de me cuidar

E andar todo pomposo.

Raimunda:

E já que falei nela

Como anda a Aparecida

Andei ouvindo por ai

Que ela tava adoecida

Mas não lhe fiz uma visita

Pra ela num ficar aborrecida

Miguelim:

Ela tá bem melhor

Não tem porque se preocupar

Quando se sentiu mal

Foi logo se consultar

Foi pro posto bem cedo

E só de tarde foi chegar.

Ela conseguiu uma consulta

Com aquele novo dotô

Ele cuido foi muito bem dela

Que num instante milhorô

Parece que foi a espinhela

Que como serviço arriô.

Raimunda:

É aquele lá do posto

De que você tá falando?

Miguelim:

Aquele mesmo

O tal do Coriolano.

Raimunda:

Eu não gosto dele não

Tem cara é de malando...

Miguelim:

Deixe de ser maldosa

Que o rapaz é estudado

Entende de tudo um pouco

E é bem aparentado.

Cuidou foi bem da Aparecida

Que não tá mas torta dum lado.

Raimunda:

Pois se eu fosse o Senhor

Prestava mais atenção

Que tá muito mal contada

Essa tal situação

dotô curar espinhela caída

onde já se viu essa arrumação?

Miguelim:

O que é que a Senhora

Tá querendo insinuar

Que a minha Aparecida

Não foi lá se consultar?

O que ela foi então

Fazer ontem por lá?

Raimunda:

Eu não tô dizendo nada

Que só falo o que sei

Mas quando ouvi a história

Eu logo desconfiei

É melhor ir lá pra investigar

Depois não diga que não avisei.

Miguelim:

Vou perguntar pra ela

Tudo bem explicadinho

Depois conto pra senhora

O que houve bem direitinho

Pra depois a senhora não sair

Contando tudo do seu jeitinho.

-x-x-x-

A prosa deles se esticou

Falando de Deus e o mundo

Do Coronel e de sua filha

O Severino chamou de imundo

E no final da história ainda

falaram do finado Raimundo.

Miguelim:

Não há nada na cidade

Que lhe passe despercebido

Tudo que acontece

Cai logo no seu ouvido

E a menor fofoca que seja

Vira logo tititi e zumbindo.

Eu vou logo é embora

Procurar o que fazer

Pra nas suas confusão

A senhora não me meter

Fico com suas prosas,

Passar bem e inté mais vê...

Raimunda:

Mas tem gente nesse mundo

Que é muito desocupado

Me empaiando aqui na rua

E o serviço atrasado

Não pode me vê na rua

Vem contar fofoca do meu lado

Raimunda:

Vou logo é me embora

Nas minhas coisas cuidar

que não sou igual ele

Não gosto de fofocar

Não falo mal de ninguém

Só faço mesmo é escutar.

-x- x-x-

Enquanto Raimunda

Ficava a fofocar

Seu Chico chegou do roçado

Com uma fome de lascar

E procurando Raimunda

Danou-se a Gritar

Marido de Raimunda:

Raimunda cadê você

Já tô morto de fome

Bem na hora do comer

E que você some.

Raimunda correu gritando

Raimunda:

Já tô indo homem.

Yane Cordeiro
Enviado por Yane Cordeiro em 11/04/2013
Código do texto: T4235299
Classificação de conteúdo: seguro