NOSSO TORRÃO JUDIADO
No sertão da minha terra
Falta hoje quase tudo;
Nosso gadinho já era
E o sertanejo de luto.
A fome batendo às portas
Nem São José, nos ouviu,
Há muitos pedindo esmola.
Não se sabe mais a quem
Voltar a pedir ajuda,
Não se tem mais um vintém
Nem tem mais quem nos acuda.
São tantos mais que a gente
Já nem encontra palavras,
Nem sobra de um sol tão quente.
Não há comida no prato
Nem água pra se beber,
No comércio tudo é caro
Não se sabe o que viver.
No sertão tudo é minguado
Não se tem nem pra comer,
Nem se contando os trocados.
As vaquinhas se não comem
Também o leite não dá,
Não cofiamos nos homens
Nem na hora de votar.
Se nem as rezas o santo
Dignou-se a escutar
Ficamos no abandono.
No dia de são José
Se não chover no sertão,
É o salve-se quem puder,
Porque não chove mais não.
E tudo que foi plantado
Não germina ou morre ceco
E de sede morre o gado.
Tornamo-nos retirantes
Para arranjar um trabalho
Nos lugares mais distantes.
Deixando a família de lado
E vamos tentar a sorte
Quem sabe até em São Paulo
Afinal nos somos fortes.
É triste ver o nordeste
A cada ano que passa
Tão ceco igual ao agreste
Esquecido pela água.
Todo ano nos prometem
E o nordestino é quem paga,
A conta que ele não deve.
Ficamos no abandono.
No dia de são José
Se não chover no sertão,
É o salve-se quem puder,
Porque não chove mais não.
E tudo que foi plantado
Não germina ou morre ceco
E de sede morre o gado.
Tornamo-nos retirantes
Para arranjar um trabalho
Nos lugares mais distantes.
Deixando a família de lado
E vamos tentar a sorte
Quem sabe até em São Paulo
Afinal nos somos fortes.
É triste ver o nordeste
A cada ano que passa
Tão ceco igual ao agreste
Esquecido pela água.
Todo ano nos prometem
E o nordestino é quem paga,
A conta que ele não deve.