SÓ NO BRASIL, NÃO EM PARIS
pra lhe vencer no cordel
não me dá menor trabalho
voce é carta miúda
já fora do meu baralho,
já percorreu todo o mundo
em vigens de quiméra
sonhando em sono profundo
em algum banco de espera.
Não conheço a Patagônia,
não cantei na Babilônia,
e nem encantei Paris,
jamais meti o nariz
naquilo que não conheço,
e já que me tenho apreço
pra enfrentar voces todos
eu fico por aqui mesmo.
Mas no sertão nordestino
olha cá ó seu menino,
já enfrentei muitos bambas,
já venci corda e caçamba
e outros ditos maiorais.
Pra encantar as donzelas
nem conto suas mazelas
e de nenhum outro mais.
Não sou de contar vantagens
e nem me fazer de herói,
mas aquilo que mais lhe rói
é a minha galhardia
no repente ou no cordel,
na roda de cantoria,
na canção, na poesia
em que voce nem chega lá.
Não sou de chorar pelos cantos,
seguro qualquer parada,
de rimas atarantadas
eu já lí de muita gente,
voce não é diferente,
me lançou as inverdade
das piores qualidades
que voce guardou pra mim.
Mas mesmo assim eu não ligo,
já sou doutor no perigo
pagando à pouco preço,
seguro seu arremeço
e mando ele de volta.
Poeta de pouca monta,
parece barata tonta
voando na minha porta.