A moça da padaria

Toda vez que eu passava

Ela olhava e sorria

Meio de canto de olho

Pedia um café, ela fazia

Dava os melhores paezinhos

A moça da padaria

Lembro quando falou comigo

Achei que a língua reluzia

Era do pirsing que usava

Um sinal de rebeldia

Mas era tão meiga menina

A moça da padaria

Certa vez resolvi esperar

Não sabia que horas saía

Via a hora que chegava

Ele entrava ao meio-dia

E nunca se atrasava

A moça da padaria

Ficamos logo amigos

O coração já batia

Saímos algumas vezes

Ela sempre me ouvia

Mas eu nunca dei espaço

A moça da padaria

Vinha me ver no trabalho

Eu achava que morreria

Quando via ela entrando

Começava a euforia

Arrumava tudo pra receber

A moça da padaria

Por mim, começou a se atrasar

E a ouvir a gritaria

Levava bronca no trabalho

A colega já dizia:

Se continuar deixa de ser

A moça da padaria

Foi então que fui embora

Deixei lá minha alegria

Parei de tomar seu café

E já não mais me nutria

Me mudei pra longe dela

A moça da padaria

O carinho era verdadeiro

No tínhamos uma sintonia

Ela veio me procurar

Meu amor já existia

E passei a ver sempre

A moça da padaria

Conheci os seus segredos

Coisas que a ninguém dizia

E comecei a admirar

Aumentou minha simpatia

Sempre a via em meus sonhos

A moça da padaria

Mas esse amor virou platônico

Com um tom de melancolia

Por que no fundo não me quer

E eu só naquela agonia

Não tirava da cabeça

A moça da padaria

Hoje me sinto um besta

Porque eu me iludia

Achava que podia mudar

O jeito que ela me via

Mas ela me deu um não

A moça da padaria

Só posso ser seu amigo

Mesmo sendo à revelia

Nunca experimentei o beijo

É certo, me derreteria

Agora só vejo de longe

A moça da padaria

Walter Gandarella
Enviado por Walter Gandarella em 17/03/2013
Código do texto: T4193090
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