A PERERECA DA POLÍCIA BAIANA

Miguezim de Princesa

I

Não bastassem a violência

Do ladrão e da milícia,

Matança indiscriminada,

Morte por icterícia,

A Bahia se dá ao luxo

De dispensar a Polícia.

II

O Governo da Bahia,

Meio tonto de carnaval,

Resolveu bem na Quaresma

Publicar um edital

Exigindo virgindade

Para ser policial.

III

Depois de estimular

Tanta dança da bundinha,

Da boquinha da garrafa,

Cururu, pererequinha,

O governo quer formar

Um exército de santinhas.

IV

Soltam no Porto da Barra

A pergunta que não cala:

Pra que vale a virgindade,

Na rua, no mato ou na sala?

Será que é pra ter mais força

Quando disparar bala?

V

Lá em Água Meninos,

Onde o povo faz a feira,

Trocaram todo o estoque

De charque, vela e peixeira

Por cargas de pedra-ume

Para trancar a “porteira”.

VI

Minha amiga Sarajane,

Que vivia assanhadinha,

Dançando em Massaranduba

A dança da papudinha,

Já mudou o seu refrão,

Mandou fechar a rodinha.

VII

No bairro da Mata Escura,

Jonas Paulo senador

Exortou as companheiras,

Militantes de pudor,

A se inscrever no concurso

E mostrar o seu valor.

VIII

Foi aí que Cipriano,

Um petista de doer,

Disse que era mais fácil

O Lula gostar de ler

Do que encontrar uma virgem

Nas fileiras do PT.

IX

Será que um gênio baiano,

Inspirado no além,

Incorporado em Kadafi,

Pensou um dia também

Criar uma guarda de honra

E transformá-la em harém?

X

Na Bahia já aconteceu

A Guerra do Fim do Mundo;

Padre dá santo na missa,

Quenga sente amor profundo

E Polícia usa perereca

Para prender vagabundo!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 15/03/2013
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