ZÉ, O SUÍCIDA
´ZÉ , O SUÍCIDA
Na roça a vida é plantar mandioca
Correr atrás de tatu na toca
Escorregando na palha de bananeira
Tirando uma soneca na esteira.
Que tempo bom foi aquele
Em que eu era menino
Brincava no terreiro do engenho
Mesmo com o sol a pino.
Mariazinha me enganava
Minha mãe ficava brava
Na mesa faltava comida
Mas no almoço era só fava.
Era magrinho que nem eu só
Todos de mim tinham dó
Menos Mariazinha que me amava
Pois o nosso amor prá nós bastava.
Fui menino, fui Rapaz
Buscando sempre a danada da paz
Às vezes ficava arretado
Quando achava tudo demais.
Era mulher prá tudo que é lado
Nas festas ficava bolado
Porque tinha que ficar só com uma
Se queria mesmo é ser amado.
Mandei Mariazinha viajar
E assim resolvi ficar
Venha cá minha nega que estou sozinho
Agora só quero te amar.
Foi uma noite maravilhosa
Joaninha era primorosa
Foi amor a noite toda
De manhã lhe dei uma rosa.
A noite se foi
E Joaninha também
Acabou o meu sossego
A Mariazinha é que de lá vem.
Chegou soltando fogo pela venta
Zé , não minta e não inventa
Quem dormiu aqui ficou feliz?
Ora Zé, então foi uma meretriz.
Nosso amor acabou agora
Esqueça o que houve outrora
Não sou nega de repartir
Agora mesmo vou partir.
Foi-se embora Mariazinha
Levando tudo que eu tinha
Fiquei jogado na minha
Ai! que saudade eu sentia.
Joaninha não me quis mais
Sabia que eu não era capaz
Doente e jogado na rua
Vivia minha vida nua e crua.
Tomei veneno e me fui
Para um mundo desconhecido
Sem Mariazinha e Joaninha
Fui José sem nunca ter sido.
Maurice Astaire