Não Tolero Intolerância
Esse assunto que ora trago
É muito controvertido
Pois aflige aos corações
De quem sofre perseguido
Pelo preconceito alheio
Que lhes causa violência
Que impõe flagelo e morte
Outras vezes penitência
Ou é agressão gratuita
Sem a menor complacência
Professar religião
A qualquer um é devido
A liberdade de crença
É direito adquirido
Ou você pode também
Em nenhuma acreditar
E ninguém pode por isso
Querer lhe discriminar
É nesse tom que lhes falo
Que proponho o meu versar
Eu não me curvo a Rabino
Nem consulto Mãe de Santo
Tampouco escuto Pastor
Nem ao Papa com seu manto
A nenhum deles me enquadro
Não rezo qualquer cartilha
Nenhum deles me convence
Não lhes vejo maravilha
Não acredito em seus credos
Nem lhes faço redondilha
Eu respeito livro santo
Mesmo sem acreditar
Seja a Bíblia dos cristãos
Ou o judaico Torá
O que escreveu Kardek
Também faz por merecer
A deferência sincera
Do meu mais profundo ser
Da mesma forma o Talmud
E o Alcorão há de ser
Pra ser feliz não preciso
De Orixás nem Jesus
Eu não pratico a Wicca
Não temo Alah nem Vudus
Não adoro Babalu
Nem que ele me apareça
Não existe um só deus
Que a minha fé mereça
Nenhum deles me fascina
Nenhum faz minha cabeça
Não adoro vaca mocha
Nem um bezerro de ouro
Nem que ela me dê leite
Nem que ele dê tesouro
Nem o elefante hindu
Eu coloco em pedestal
Eu não idolatro gente
E não venero animal
Nem que seja um avatar
Nem para o bem nem pro mal
Não caminho à Compostela
Pra não ter meu pé ferido
Não machuco meu joelho
Implorando por pedido
Nem crio calo no dedo
A debulhar um rosário
Nunca flagelo meu lombo
Esse não é meu calvário
Eu não explodo meu corpo
Não é disso que me valho
Não quero o fogo do inferno
Nem o fel do purgatório
Nem o mel do paraíso
Nem as preces do oratório
Mas tenho toda certeza
Para ser feliz careço
De carinho e de amor
De amizade e apreço
Da família, dos amigos
Disso é que me abasteço
Por existir eu sou grato
A minha mãe e meu pai
Que entre ais me fizeram
Em longe tempo isso vai
Não veio o homem do barro
Nem a mulher da costela
Nem é na água que a vida
Se configura e modela
Nem é na evolução
Que esse dom se revela
Não venero a natureza
Nem mesmo o Sol ou a Lua
Não acredito em karma
Nem em força que possua
Não acredito em seres
Que venham de outro planeta
Pra nos fazer mal ou bem
O que lhes der na veneta
Ou em qualquer vaticínio
Pela cauda de um cometa
Reconhecer Nostradamus
Como de fé eu não faço
Não dou a mão para cigana
Nem pela força de braço
Nem a numerologia
Tenho por ela apreço
Pois eu bem creio que sorte
Não se barganha por preço
Não consulto profecias
Nem virado pelo avesso
Mas você quer me ver fulo
E as estribeiras perder
É criticarem seu credo
Querendo lhe convencer
Que o seu Deus não existe
Fazendo proselitismo
Menosprezando sua fé
E atirando no abismo
Seu sentimento do peito
Rasgando seu catecismo
O meu pensar é ateu
Mas eu defendo com afinco
O seu direito de crer
E com os credos não brinco
Não tolero intolerância
Não aturo preconceito
Acho que é obrigatório
Pelo outro ter respeito
É para isso que há lei
Pra proteger o direito
Se você quer ter segura
A sua forma de crer
Garanta ao seu semelhante
O mesmo direito ter
Pois não se pode punir
Nem a ninguém patrulhar
Independente da fé
Que qualquer um professar
Isso é o que deve ser feito
É mais que elementar
A o ir findando a conversa
C oncluo o meu pensamento
U sando o mote do amor
R atifico o sentimento
S obre o direito que todos
I ndependente de enorme
O u pouca fé que professe
A ja na vida conforme
T udo que lhe apetece
E que ninguém lhe deforme
U m bem que lhe abastece