Tragédia em Santa Maria (O incêndio que comoveu o Brasil)
A vida é um sopro divino
Pois Deus a soprou em Adão
Quando lá no Paraíso
Ele tirou o pó do chão
Depois transformou em homem
Começando a sua Nação.
“Crescei e multiplicai-vos!”
Disse então o Criador
Admirando sua obra
Que fora feito com amor
E a colocou no mundo
Com todo o seu esplendor.
Criou-o pra ser eterno
Este era o plano divino
Mas o homem tinha o erro
Em seu coração ferino
Desobedecendo a Deus
E fez seu próprio destino.
Então o homem pecou
Escolheu seu próprio norte
Expulso do Paraíso
Partiu em busca da sorte
Já não seria mais eterno
Tornou-se refém da Morte.
Nas Sagradas Escrituras
Está registrado assim
Que o menino Abel foi morto
Pelo próprio irmão, Caim
Sendo esta a primeira vez
Que a vida chegou ao fim.
Desde então a negra Morte
Tem isso como missão
Chegados o dia e hora
Ela age sem perdão
E assim o Anjo Negro
Cumpre sua obrigação.
A morte um dia aparece
Esta é a única certeza
Pois ela vem para todos
Do mendigo à realeza
Pra ela não existe classe,
Nem raça, credo ou beleza.
Está em todo lugar
E sempre bem preparada
Sua foice mortal na mão
Muito firme e amolada
Toda vez que ela aparece
Sempre volta acompanhada.
Pra ela toda hora é hora
Seja de noite ou de dia
Em sua missão nunca atrasa
É bem calculista e fria
É a Rainha da Tristeza
O terror da alegria.
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E de sábado pra domingo
Em Santa Maria chegou
Mesmo sem ser convidada
Entrou na Casa de Show
E então tragicamente
Muitas vidas ela ceifou.
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De forma inesperada
Chegou na Boate Kiss
Incendiou, lançou fogo
Agiu do jeito que quis
Num dos maiores incêndios
Que já se viu no país.
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Mais ou menos mil pessoas
Se divertiam no local
Jovens universitários
De uma formal brutal
Se viram encantoados
Com a labareda infernal.
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Pegou todos de surpresa
Naquela danceteria
Cobriu-os com o seu véu
Acabando a alegria
Como uma fera selvagem
Ela gritava e rugia.
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Com uma sede assassina
Pela Boate saiu
Espalhando sua fúria
E muitas vidas baniu
Espalhando dor e prantos
Que comoveram o Brasil.
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A maioria dos presentes
Habitava na cidade
Eles tinham de 18
A 20 anos de idade
Quase todos frequentavam
Ainda a Universidade.
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A juventude na festa
Dançava, amava e bebia
Aproveitando o momento
Curtindo com alegria
Sem jamais imaginar
Que era seu último dia.
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No palco a banda tocava
Empolgando a juventude
Que solta, ria e dançava
Com entusiasmo e saúde
Curtindo o ritmo da noite
Em toda a sua plenitude.
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Até que o Anjo Mortal
Lançou um bote certeiro
Logo usou o vocalista
Para ser seu mensageiro
Que sem querer incendiou
Aquele ambiente inteiro.
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Quando Prometeu roubou
O fogo pra humanidade
Jamais ele imaginou
Tamanha tragicidade
Que iria acontecer
Nesta pacata cidade.
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Ao assistir triste cena
O grande herói recordou
Quando deu à humanidade
O fogo que a Zeus roubou
Então no paço do Olimpo
Arrependido, chorou.
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Mas tudo tem duas faces
Uma boa e outra ruim
Eva deu a luz Abel
Mas também teve Caim
O sol anuncia o dia
E a noite traz o seu fim.
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O Anjo do Apocalipse
Que monta o Negro Cavalo
Da vida é o antagonista
É o príncipe, não vassalo
E do pé da humanidade
Ele é o eterno calo.
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Pela alta madrugada
Surgiu feito um dragão
Rosnando e cuspindo fogo
Sem pena e sem comoção
Lançando aos jovens o fim
Sem desculpa, sem perdão.
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Duzentas e trinta e cinco
Pessoas perderam a vida
De súbito, inesperado,
Do mundo deram a partida
Sem nem mesmo dar aos pais
Um olhar de despedida.
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Muitos tombaram no chão
Sem vida, pisoteados
Enquanto outros morreram
Por fumaça, asfixiados
E muitos outros "se foram"
Por fogo carbonizados.
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Partiram às pressas do mundo
Deixando tristeza e dor
Por qual razão não se sabe
Tanta morte, tanto horror
Jamais serão explicadas
São mistérios do Senhor.
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Graças à Mão do Divino
Também houve salvação
Pois muita gente escapou
Sem ferimento ou lesão
Reduzindo o sofrimento
Desta enlutada Nação.
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O Anjo Negro é o príncipe
Mas o rei é só Jesus
Que um dia venceu a morte
Pendurado numa cruz
Enquanto a Morte traz breu
É Cristo quem traz a luz.
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Mas a vida é uma passagem
E pertence ao Deus clemente
Todo homem tem um fim
Ninguém vive eternamente
A morte chega pra todos
Só a maneira é diferente.
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Aos mortos em Santa Maria
Que Deus os tenha no céu
Que todos tenham cumprido
Na Terra um belo papel
E lá no Mundo dos Mortos
Deus os cubra com Seu véu.
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O Brasil está de luto
Por esta épica tragédia
A vida é como um teatro
Tem drama, nem só comédia
O homem busca o destino
Mas é Deus quem tem a rédea.
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Ficam aqui as condolências
A todos os familiares
Que perderam entes queridos
E agora sofrem os pesares
Que Deus lhes dê o consolo
E abençoe os seus lares.
João Rodrigues - Reriutaba – Ceará