PRENÚNCIO DE SECA

Um vento rasteiro

Fumaça cinzenta

A terra esquenta

Mais em fevereiro

O sertão inteiro

Inteiro torrado

O povo escaldado

O sol inclemente

Tá limpo o nascente

Limpo e estrelado

Nadinha de chuva

Calor, que mormaço!

Partimos pra Março

O vento assoprando

O ano passando

Mais uma estação

Sem água no chão

Ta tudo perdido

Que povo sofrido

Esse do sertao!

Carcaças de gado

Nas encruzilhadas

As outras deitadas

Logo vão morrer

Vidas a perder

No vale da morte

Não há quem suporte

Toda essa secura

Pois falta estrutura

Ao povo do norte*

O tempo não muda

Seco permanece

E Março amanhece

Como Fevereiro

Seco o ano inteiro

Sertanejo chora

A fé evapora

O vento a levou

O quê lhe restou?

Nadinha, agora!

Portanto, é triste!

Tamanha tristeza

A mãe natureza

Nos abandonou

No chão não pingou

Tudo empoeirado

Morreu todo gado

Só se ver carcaça

Espero uma graça

Abril ser molhado...

Poeta de Branco
Enviado por Poeta de Branco em 03/03/2013
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