Vagabundos... Aposentados! Duas Reflexões
Vagabundos... Aposentados! Duas Reflexões...
“Reflexões do Nandú...”
Aposentados a passear, a passear... A passar, a passar... A passar!
Chinelos, sandálias aos pés a pisarem, a pisarem... A pisar... A pisar.
Idosos, população a crescer, a crescer... A crescer...
O que lhes oferecer, oferecer... Oferecer?
Andando pelas calçadas desafiando e transpondo obstáculos,
Vencedores, tornam-se espetáculos.
Chapéus às cabeças: palha, pala – bonés? Aloés nos cabelos brancos, pintados
Revoltos ao léu?
A atrapalhar, a atrapalhar... A atrapalhar... A aborrecer?
Bermudas de marca a usar... Modernidade! Modernos? Querem à juventude voltar!
Idosos, meta dos hoje jovens a atingir... A alcançar... A alcançar... A alcançar.
Ruas, avenidas a atravessar... A atravessar... A atravessar!
Moços! Vêem? Prestem a atenção: viver é caminhar... Deixe-se invejar.
Vagabundos! Errantes!... Experiências vivas a caminhar... A caminhar... A caminhar.
Veículos atenção! O trânsito... A Transitar! E nas faixas parar... Parar... Parar!
A vida, sim a vida... Vivi! O que dela esperar?
Velhice? Doenças? ... Finitude! Estorvo quem? Descartável.. Não a sabedoria...
...Mas que bela aposentadoria!... Ria... Ria..
Filas a enfrentar... Tens preferência! Só para receber uns trocados... E embolsar!
Tudo ou alguma coisa que resta ainda... Hein? Ah, esqueci... Ainda funciona?
Sim, claro! Não é balela, é bom, gostoso e não é cafona...
É divertido... É atual e não é pervertido!
O que chateia, verdadeira peia! Drogarias... Remédios; Pílula azul... A pagar... A pagar!
Isto não é castigo. É só pedágio pelo “tempo de vida extra”, mais o estágio.
Verdade? Tô na hora extra? Mesmo? Então só nos resta prosar e rezar... Rezar... Rezar?
E mesmo assim não é barato... Mesmo sendo pago com deságio!
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Aposentados
“Reflexões do Cri...”
Cri, amigo de Nandú... Um incorrigível pessimista. Feio... De feições caprinas... Feio, feiíssimo. Ostenta um cavanhaque indefectível de ralos e poucos pêlos – brancos e pretos...
Vagabundos errantes a gazetear... Também a sentar, deitar... Ressonar!
Andantes, pés descalços, joanetes a deformá-los... Unheiros, feias unhas, calos a doer.
Decrépitos? Velhos... Aos montões, como brotam! Naftalina, formigas... Odores exalam!
Querer mais o quê? Se melhorar estraga! Melhor mesmo e descansar ou... Melhor morrer?
Arrastando-se apóiam em bengalas. Nas praças, calçadas... Ajudas clamam!
Exaustos quedam-se sentados. Com fraca visão... Cataratas! Não dá para ver... Olham!
Bermudas a usar; braguilhas abertas; botões desencontrados... À amostra coisas a fenecer...
Melhor qual idade? De ontem ou de hoje? Juventude, saúde? Que saudade!
Terceira idade... Muita pelanca... Que feiúra... Que maldade!
Não merecem... Mas por favor, desocupem o beco. Assim ninguém padece.
Que dificuldade para ruas, ruelas, becos, vias e avenidas, ufa! Atravessar... A atravessar.
Também por que o “não” aos asilos? Neles têm segurança... Lá dormir, sonhar... Sonhar!
No tempo da juventude, ainda inexperiente deixou-se invejar... Cobiçar...
Recordam que um dia mais experiente e sábio... Sarado, livre, sozinho caminhava,
Plano fazia... Vida vivia... Sonhos, bons sonhos sonhava.
Agora, agregados alegrai-vos! Filhos, netos... Com a pensão sustentar, educar... Bancar!
Saúde! Seguros e planos... Celular, internet. Ufa! Coberturas! A torturar... A pagar, a pagar.
... Mas... Que bela aposentadoria! Aposentadoria?
Melhor a dos funcionários públicos: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Um escândalo! Dizem o povo e o noticiário!...
Um superlativo triste e hilário... Não ria... Ria!
“Passe na frente é a sua vez”. “Senhor sente-se no meu lugar”... Muito Bacana!
Vou sacar minha aposentadoria: “Senhor, pode digitar a senha”... “Aperte o verde”.
Filas em pé a enfrentar. Esses velhos, pobres velhos! Para quê a preferência? Uma deferência?
É o cúmulo! Tumulo?... Ufa!! Me abana...A fila não desanda... Anda!
Das “saliências”, raras lembranças. Auto - ajuda. Afrodisíacos, pornôs, estimulantes!
Nada como d”antes!
Pernas doem costas idem... Desestimulantes?
Pior as pelancas – rosto, barriga, panças e ancas...
Xarope expectorante; Pulôver de lã. Pressão, só com calmante!
Tempo extra para quê afinal?
É uma crueldade adicional!
Saudades... Mesmo assim, vamos rezar, rezar... Sarava? Oremos, orar...
BNandú 16/06 /2010 Revisado em 02/03/2013