Meu sonho.

Este caso aconteceu

Mas não sei bem precisar

O nome dos envolvidos

E pouco lembro o lugar

É um causo comovente

Que eu inocentemente

Pude então participar

Não recordo a hora certa

Sei que foi na madrugada

Esperava uma carona

Numa aflição danada

Sentindo frio no meu rosto

Num ponto perto dum posto

Vi uma moça sentada

Eu ali não tinha calça

Vestia-me com ceroula

Quando fui aproximando

Percebi ser uma loura

Que já era uma senhora

Segurando uma sacola

Entupida de cebola

Percebi que a senhora

Esperava condução

Para ir não sei pra onde

Com aquele sacolão

E nós dois sem esperar

Sem querer fomos parar

Em um grande caminhão

Caminhão desconhecido

Com grande carroceria

Com muita gente sentada

Sem saber pra onde ia

Eu ali desajeitado

E a loura do meu lado

Nem chorava e nem sorria

Naquele pau de arara

Sentei virado pra frente

Pensei meu Deus é verdade

Ou é confusão da mente

E então naquela hora

Aquela jovem senhora

Olhou pra mim de repente

Começou puxar conversa

E eu por educação

Virei o rosto pra ela

Para prestar atenção

Eu pra sair fiz esforço

Quando ela em meu pescoço

Abraçou com emoção

Eu ali fiquei sem jeito

E com insatisfação

Pensei que era uma ladra

Ou comparsa de ladrão

E não esqueço jamais

Quando virei para trás

O que vi ali no chão

Pois apareceu do nada

Um moço uniformizado

Com vestes de um frentista

Como endemoniado

Apontando arma de fogo

E gritou mostrando arrogo

O revólver ta armado

Eram só chulas palavras

Dessas de baixo calão

Disse assim pra todo mundo

Que tava no caminhão

Para eu não ter desgosto

Pode levantar o rosto

Quero ver que vocês são

Eu sentindo a dor da morte

No fundo do coração

Recomendei minha alma

E a Deus pedir perdão

Sentindo homem sem sorte

Rezei pro meu santo forte

Poderoso são João

Senti meu corpo molhado

Minha roupa ensanguentando

O rapaz com o revolver

Foi então aproximando

Olhou pra minha ceroula

E agarrou bem na loura

Que tava me abraçando

Botou a moça deitada

Bem esticada no chão

E deu ordem pro amigo

Que considerava irmão

Se quiser pode mata-la

Pois não vou nem usar bala

Ela não merece não

E nesse dito momento

Tombou o moço feroz

Que empunhando uma arma

Ameaçou todos nós

E morreu por traição

De quem se julgava irmão

E que foi o seu algoz

Nisso a loira levantando

Abraçou o seu amante

Assassino do marido

Que ainda agonizante

Deu um gemido e faliu

E o caminhão sumiu

Como pipa sem barbante

Foi o acontecimento

Que eu achei mais medonho

Ate relembrando o causo

Sinto-me meio tristonho

Porem na realidade

Pra minha felicidade

Eu acordei do meu sonho.

“Se te deitares, não terás medo. Uma vez deitado, teu sono será doce”. Prov.3vs. 24.

joãocorin
Enviado por joãocorin em 02/03/2013
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