SONORAS LÁGRIMAS


Se por acaso algum dia
Alguém puder ouvir
De certo verá a alegria
Que de mim quer desistir.
É com certeza que eu digo
Com verdade, sem fingir,
Que a tristeza é um castigo
Do qual pretendo fugir.

Há momentos em que o pranto
Às vezes quer sufocar
Porém, mesmo soluçando,
Transformo a dor num cantar.
Canto a lágrima que desliza
Deixando um gosto de dor
Num rosto que não mendiga
Sequer um pouco de amor.

Tento fazer do meu canto
Uma canção de ninar
Para acalentar meu pranto
Quando ele teima e chorar.
Sendo assim fui conseguindo
Fazer meu pranto mais doce,
Adoçando o meu destino
Por mais amargo que fosse.

E do amargor da vida
Que em mim quer ter morada,
Tendo esconder com a lida
Essa dor tão orvalhada.
E as lágrimas que suavizam
A dor que me invade a alma,
Consigo até que prossigam
Cantando as sonoras lágrimas.