Amor Endiabrado
Negro cheio de malícia,
Cantava moda,
Enchia os olhos de cobiça,
Quando vinha lhe paquerar,
Certo dia com muita prosa,
Disse-lhe: Eu te amo,
Ela falou: Estou dando é corda,
Que é para um dia eu te puxar.
Homem de pouca valentia,
Achava que mulher era peixe,
De se pescar sem guia,
Zanzando com um anzol,
Quando veio fisga-la,
Ela deu um tabefe que ele caiu pra lá,
Dizendo: Bate que eu gosto de apanhar.
Ela gostou tanto de bater,
Que aprendeu a conviver,
Com quem gostou de apanhar,
Ele dizia bate meu dengo,
E ela instigava o veneno,
Rolando na cama sem parar.
Cabra bem apanhado,
Tinha pernas e braços bem amolados,
Do jeito bom de fatiar,
Seu sorriso era divino,
A boca parecia de menino,
E ela vivia a se lambuzar.
Eles amavam de toda maneira,
A única inimiga era a canseira,
Que uma hora os desapartava,
Ela toda ardendo em gás,
E ele ainda rapaz saracoteava com fervor,
E sem mostrar nenhum temor,
Ao destino tão audaz.
Não tinha macumba nem reza,
Oração nem promessa,
Capaz de separá-los,
Até os santos que tomavam conhecimento,
Faziam o seu juramento,
Dizendo: Eu irei invocar,
O nome do santo cristo,
Que é para esse casal tão unido,
Seu amor grande eternizar.
E assim é até hoje,
Cama, mesa, banho,
E buque de flores,
Para espanar os maus rumores,
Eles são fontes de sentimento,
Que se secar buscam até no vento,
Alimento para sobreviver.
Carla Bezerra