Amor Endiabrado

Negro cheio de malícia,

Cantava moda,

Enchia os olhos de cobiça,

Quando vinha lhe paquerar,

Certo dia com muita prosa,

Disse-lhe: Eu te amo,

Ela falou: Estou dando é corda,

Que é para um dia eu te puxar.

Homem de pouca valentia,

Achava que mulher era peixe,

De se pescar sem guia,

Zanzando com um anzol,

Quando veio fisga-la,

Ela deu um tabefe que ele caiu pra lá,

Dizendo: Bate que eu gosto de apanhar.

Ela gostou tanto de bater,

Que aprendeu a conviver,

Com quem gostou de apanhar,

Ele dizia bate meu dengo,

E ela instigava o veneno,

Rolando na cama sem parar.

Cabra bem apanhado,

Tinha pernas e braços bem amolados,

Do jeito bom de fatiar,

Seu sorriso era divino,

A boca parecia de menino,

E ela vivia a se lambuzar.

Eles amavam de toda maneira,

A única inimiga era a canseira,

Que uma hora os desapartava,

Ela toda ardendo em gás,

E ele ainda rapaz saracoteava com fervor,

E sem mostrar nenhum temor,

Ao destino tão audaz.

Não tinha macumba nem reza,

Oração nem promessa,

Capaz de separá-los,

Até os santos que tomavam conhecimento,

Faziam o seu juramento,

Dizendo: Eu irei invocar,

O nome do santo cristo,

Que é para esse casal tão unido,

Seu amor grande eternizar.

E assim é até hoje,

Cama, mesa, banho,

E buque de flores,

Para espanar os maus rumores,

Eles são fontes de sentimento,

Que se secar buscam até no vento,

Alimento para sobreviver.

Carla Bezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 21/02/2013
Reeditado em 20/07/2020
Código do texto: T4151324
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