ROMÃOZINHO
Romãozinho era um menino
Filho de um lavrador
E desde muito pequeno
Ele causava pavor
Vadio e malcriado
Muito traquina e levado
Que nem a morte o levou.
Adorava maltratar
As plantas e animais
E por onde ele passava
O seu rastro era demais
Causava a destruição
E não tinha o coração
Como o dos outros mortais.
Era pequeno e sambudo
De cabelo sarará
Tinha as perninhas tortas
Fedia feito gambá
Andava com pés no chão
Um estilingue na mão
E cabeça para o ar.
Ele nasceu em Goiás
Fronteira com o Maranhão
No Distrito Boa Sorte
Lá naquela região
Município Pedro Afonso
E com carinha de sonso
Nasce o menino Romão.
E ganhou muito apelido
Por sua grande maldade
Sua fama é conhecida
Em muitas outras cidades
Fogo Fátuo, Corpo-Seco,
Por onde houvesse um beco
Ele espalhava ruindade.
E quando ele sumia
Andando no mato estava
Quando ouvia aquele grito
Sua cabeça rodava
Era sua mãe chamando
Ele corria xingando
A mãe que o esperava.
Romão tinha muita raiva
Pois só queria ficar
Fazendo suas maldades
Sem ninguém pra atrapalhar
Quando sua mãe chamava
Ele a ela praguejava
E corria pra escutar.
A mãe mandava Romão
Ir deixar lá no roçado
Comida para seu pai
Que estava muito cansado
Pois era longe a roça
Romãozinho ia à força
E bastante entediado.
Todo dia a mesma coisa
Quando sua mãe chamava
Ele pegava a comida
E pra roça caminhava
Mas tinha muita preguiça
E achava uma injustiça
Com raiva da mãe ficava.
Certo dia Romãozinho
Resolveu fazer maldade
Com a sua pobre mãe
E sem dó nem piedade
Inventou grande mentira
E seu pai cheio de ira
Pensa ser uma verdade.
Ele pegou a comida
Que levava pro seu pai
Sentou-se em uma sombra
E rindo alegre demais
Pensou: - Hoje ela aprende!
E de uma vez entende
Que Romão não é de paz.
E seguiu o seu caminho
Todo o tempo imaginando
Que história ia contar
E a maldade rondando
O Coração de Romão
Sem nenhuma comoção
Viu o seu pai esperando.
Entregou-lhe a comida
E ficou de pé ao lado
Atento à reação
Do seu pai que ali calado
Aguardava seu almoço
Sem saber do alvoroço
Que Romão tinha causado.
Quando ele percebeu
Gritou logo perguntando:
- Que arrumação é essa?
E o moleque espiando
Mas fez cara de bonzinho
E foi dizendo: - Painho,
Mamãe está lhe enganando!
Foi isso que ela mandou
Para o senhor almoçar
Quando o senhor se ausenta
Ela fica a namorar
Um homem desconhecido
Tem por lá permanecido
Sai bem antes do jantar.
Pode crer meu pai que foi
Eles que fizeram assim
Comeram toda a galinha
E deram os ossos a mim
Para trazer pro senhor
Eu achei isso um horror
Mas ela mandou e eu vim.
Aquele pobre coitado
Ficou de raiva louquinho
E largou a sua enxada
Junto com o Romãozinho
Para casa ele rumou
Na mentira acreditou
Ficando em desalinho.
Quando em casa ele chegou
Foi puxando a peixeira
A mãe de Romão estava
Sentada em uma cadeira
No alpendre até então
Fiando seu algodão
E ele olha a companheira.
E sem dó nem piedade
A fere em golpe mortal
Porém antes de morrer
Ela descobre afinal
A mentira de Romão
E do seu mau coração
De maldade sem igual.
E bem antes de morrer
Escuta as gargalhadas
Do maldoso Romãozinho
E fica amargurada
Amaldiçoa o menino
Viver como um peregrino
Na noite mal assombrada.
Morrendo diz sua mãe:
- Romão nunca morrerá
Nem o céu nem o inferno
Ele não conhecerá
Enquanto aqui existir
Um só vivente a sorrir
Ele não descansará.
Conta a lenda que o marido
Morreu de arrependimento
E o moleque sumiu
Gargalhando ao relento
Adulto nunca ficou
Também nunca mais parou
Realizou-se o intento.
E até hoje se fala
Desse moleque danado
Que quebra telha a pedrada
Assombra no mato o gado
Tira choco de galinha
É ruim feito a murrinha
Com Saci é comparado.
Você acredita nisso?
Tudo bem! Fique a vontade.
Mas fica aqui a lição
Viva com cumplicidade
E sua mãe a respeite
E a maldade rejeite
Não vire um mal assombrado.
- 29/01/2012 -
(Cordel baseado na lenda do Romãozinho)