Zé Calango
Zé Calango
Dava um nó
Na cachola
Da vovó
De castigo só comia
Feijão com jiló
Zé Calango
Apostava na rinha
Com o dinheiro
De mainha
E perdia
Toda grana que tinha
Zé calango não sabia
Falar português
Mas gostava de roubar
A carteira de um inglês
Um dia furtou o carro
De um turista francês
O carro roubado
Foi pego pela polícia
Zé calango fugiu
Usando sua malícia
E daí conheceu
A gostosa da Letícia
Essa linda mulher
Três filhos lhe deu
Procurado pela justiça
A polícia apareceu
Vivendo como fugitivo
Em muita encrenca se meteu
Zé Calango se rastejava
Em mais uma empreitada
Espreitando só olhava
A bolsa da mulherada
De sopetão atacava
A bolsa de uma coitada
Com a grana do roubo
Muita droga comprava
Com seus comparsas puxa fumo
Uma erva fumava
Para ficar em paranóia
Uma farinha cheirava
Com seu camarada Ernesto
Que era um canhestro
Formou uma quadrilha
Que praticava sequestro
Deste bando formado
Era o grande maestro
Todo tipo de crime
Era ele quem planejava
Nos mínimos detalhes
De tudo ele cuidava
Coitado do cabra
Que com ele vacilava
Um cabra uma vez
Com ele vacilou
Todo o seu couro
Ele arrancou
As suas tripas
Com crueldade pra fora ele botou
Zé Calango
Era um cabra perigoso
Atacava suas vítimas
De um jeito horroroso
Para a polícia
Era um procurado criminoso
Zé Calango
Era boêmio e malandro
A vida na noitada
De boa ia levando
Com várias mulheres
Muito filho foi deixando
Mas um dia essa moleza
Tinha que acabar
O seu esconderijo
Alguém tinha que encontrar
Era questão de tempo
Uma pessoa denunciar
A cara de Zé Calango
No programa de TV apareceu
Um morador da comunidade
Seu rosto reconheceu
E a polícia
Um belo dia lhe prendeu
Zé Calango é o retrato
Da desigualdade social
Não teve chance na vida
E se tornou um marginal
Foi tratado como preto, pobre e puta
Pela sociedade irracional
Zé Calango sempre teve
Uma vida perdida
Mas no pulo do gato
Ele perdeu sua sobrevida
Ele é o retrato de um país
De vida bandida