NA VELHICE POUCO RESTA VAI-SE TAMBÉM O TESÃO.
O tempo é implacável,
Enfraquece-nos dia-a-dia
Deixamos de ser sadia.
Ele é inexorável.
É quem nos torna findável.
Enfraquece coração
O poder de sedução.
E a nossa morte gesta.
Na velhice pouco resta,
Vai-se também o tesão.
Por termos medo da morte
Criamos as religiões
E as reencarnações
Ainda apelamos pra sorte
Pois vivemos sem ter norte
Só pensamos em cifrão,
Carros, dinheiro, mansão.
Quando novo faça festa.
Na velhice pouco resta,
Vai-se também o tesão.
Ao chegarmos aos cinquenta
Vamos descendo a ladeira
E morremos pelas beiras
Nossa barriga aumenta,
Até buracos da venta.
Nosso fim é um caixão,
Que fizermos é em vão,
Não adianta uma requesta.
Na velhice pouco resta,
Vai-se também o tesão.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, JANEIRO/2013.