“NOSSO LEGADO”
Valdemiro
Mendonça.
Foi em dezoito de janeiro
Em um porto de Salvador,
Chegaram lá de Portugal
A comitiva do rei senhor,
O monarca e família real,
Todos eles passando mal,
Só reclamando do calor.
Toda a grande multidão,
De pele branca como giz.
Veio pra cá com a missão
De ensinar ao novo país,
Toda à sua boa educação,
E formar uma nova nação,
Muito alegre e bem feliz.
Esta foi toda nobre elegia
Alegado para esta invasão,
Mas todo mundo já sabia
Que a verdadeira razão,
Era o medo da fidalguia,
Se borrando de covardia
Das hordas de Napoleão.
Os ingleses bem sabidos
Já desde o mês de abril,
Ficaram muito atrevidos
Cobiçando o céu de anil,
Aterrorizou os combalidos
Ajudou os desenxabidos,
A embarcar para o Brasil.
Ingleses tinha Napoleão,
Sobcontrole firme e total,
Já sabendo de antemão
Que o medo era o geral.
Ajudaremos ao rei João
Exigimos o nosso quinhão
E ferramos com Portugal.
Esta é toda uma verdade
Deixo aqui comprovada
Quando viu necessidade,
O inglês deu a estocada.
Lutou pela sua liberdade,
Retomando toda cidade,
Derrotando o camarada.
Não é uma mera suposição
Note bem o gesto varonil,
Feito ao nosso Dom João.
Por trás, com interesse mil,
Como paga da boa ação
Geriu a finança da nação,
Abrindo o banco do Brasil.
Mas isto se deixa para lá,
Cuidemos sim da menina,
Que viajou vindo para cá
Com missão de messalina,
Para nos ensinar o b-a-bá,
Menino o varão e o gagá,
Querida Carlota Joaquina.
E ela ensinou é muito bem,
Já chegou fazendo escola
E não escapava ninguém,
No fogo da sua caçarola.
Preto, branco índio xerém,
Ela chamava de meu bem
E já levava para a degola.
E dizem que quando partiu
Mas não é como encerra,
E aposto que ninguém viu,
A hora que o cabrito berra
A suas sandálias se sumiu,
Ela gritou puta que o pariu
Quero nem pó desta terra.
Claro que isto é só mentira
Dizem pra ver se complica,
Aí é que o poeta se inspira
E nos versos ele se explica,
Só jogou a de salto timbira,
Pra usar o salto cambuquira
O melhor pra tocar siririca.
Tudo isto é só muita besteira
Viva nosso povo de Portugal,
Que no deu nossa bandeira,
E um imenso torrão nacional.
Cuidou nossa terra brasileira
Evitou a invasão estrangeira,
Manteve unida a terra natal.
Talvez se outro colonizador,
Tivesse sorte de aqui aportar,
Não seria hoje a pátria amor
Nem o gigante a perpetuar,
E seria já só vivendo de favor
Pequenos países quase sem valor
E para existir tem de guerrear.
Por isto viva o povo português
Me orgulho ser descendente,
Até em brincar é com altivez
Que tenho sempre na mente,
Eu não sou inglês nem francês
E tampouco eu sou holandês,
Brasil e Algarves eternamente.
Chato isto! Obrigado Portugal.