O PODER DA TELEVISÃO

Pensando na vida de antigamente

Digo que hoje está muito mudado.

Todo mundo vive aparentemente,

Grandes e pequenos estão enfeitiçados:

O menino não brinca mais de peteca

A menina não quer saber de boneca

Por que seus olhos estão ocupados.

Ninguém ouve o canto dos passarinhos,

Não se ver mais mulher na janela;

O vizinho não conhece o vizinho,

Nem no condomínio nem na favela,

Por que todos vivem ligados

De olhos duros, arregalados,

Olhando fixamente para uma tela.

As crianças não têm mãe de verdade.

Pai, então, quem dirá.

Nesses tempos de modernidade.

A televisão é uma eficiente babá

Que mantém os pequenos calados,

Ensinando todo tipo de rebolado,

Que o capirô trouxe para cá.

Com a TV a criança se exercita,

Aprende logo cedo o “b” “a” "ba".

Tudo que ver ela imita

E depois vai praticar.

Você pode achar que é bobagem

Mas as crianças estão aprendendo sacanagem

Sem precisar sair do sofá.

Dar vergonha ver a novela das oito,

Pais e filhos em frente à televisão,

Vendo um marmanjo todo afoito

E uma dona numa cena de ação,

Rolando aos beijos na cama,

Dizendo: seu safado, me ama!

Vem aqui, meu cachorrão.

A mãe gosta, a filha acha divertido:

O homem mulherengo e safado;

A mulher que trai o seu o marido;

A relação de chifre trocado.

Todo mundo descomprometido

Eu não te aperto, tu não me apertas

A união moderna aberta

De mulheres e homens pervertidos.

A TV ensina que temos que relaxar.

O homossexualismo é demais.

O homem pode se efeminar.

A mulher pode virar rapaz.

Se o rapazinho diz: cansei!

Mamãe eu posso virar gay?

A mãe diz para mim tanto faz.

Ninguém perde nem à bala,

O programa de beijo e de namoro,

Se o menino chora a mãe diz te cala,

Zé buchudo deixa de choro,

Sai da frente menino chato,

Se tu não sair eu te mato

E depois te arranco o couro.

Os homens querem ver a marca da calcinha,

As mulheres o cara bonitão e sarado.

Assim, a mulher vai ficando doidinha,

O homem vai ficando tarado.

Um bocado de coisa feia

Acontece antes das nove e meia,

Com o mundo inteiro acordado.

Um dia desses na minha rua,

Por causa disso deu confusão:

Durante um programa de mulher nua

E de homem sem calção,

O meu vizinho teve um infarto;

Sua mulher entrou em trabalho de parto

Em frente à televisão.

Outra presepada dessas

Aconteceu na hora do almoço:

Meu vizinho me chamou depressa,

Dizendo acuda ligeiro seu moço.

Corri para sua casa, fui ver.

Era seu pai na frente da TV,

Morrendo engasgado com um osso.

A TV se tornou uma companheira

Na hora do almoço e do jantar.

Está em todas as cabeceiras.

Ninguém dorme sem se ligar

Quero ver se essa companheira fiel

Também vai está lá no céu

No dia em que eu lá chegar .

Para mim da TV pouco resta,

Tirando-se os programas sensacionalistas.

Quase nenhum programa presta.

Tem muita mulher oportunista

Que no domingo mostra a bunda

E, então, já na segunda.

É considerada uma artista.

Mas tem sujeitado que senta na poltrona,

Por que acha que tem muita graça,

Essa porrada de programa cafona

Que na TV sempre passa.

Toma um balde de refrigerante,

Em um mês está parecendo um gigante

Que nem na porta mais passa

A TV está vendendo fantasia

E todos compram sem reclamar.

O padre não reza mais a Ave Maria.

O Pastor não quer mais orar.

Já está causando espanto,

Ninguém acredita mais em santo,

Só querem a televisão adorar.

Adão Brandão
Enviado por Adão Brandão em 24/01/2013
Reeditado em 24/01/2013
Código do texto: T4102376
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