Como viver sem dinheiro... Segunda parte Autores: Damião Metamorfose e Eduardo Viana.

*

E,V

Com a seca no sertão

Morre boi e morre vaca,

Você sem uma pataca

Para comprar de ração.

Capenga o boi barbatão,

Definha o boi marroeiro.

Você pobre fazendeiro

Ver seu gado em alvoroço,

Já secou o último poço

Salve o gado sem dinheiro

*

D,M

Por ser fazendeiro honesto,

E amigo dos que tem mais...

Pra salvar meus animais

A dois por um eu empresto.

O que sobrou deste resto,

Arrumo a algum meeiro.

Em janeiro ou fevereiro...

Tem inverno, e o meu gado

Volta gordo ao meu roçado

Sem precisar de dinheiro!

*

E,V

Você leva uma virada

Depois que tomou um vinho,

Arranha o corpo todinho

Fica de cara amassada.

Ali não existe nada

Está faltando enfermeiro

Faltando médico e maqueiro

E carro da Prefeitura.

E agora, criatura!

Como se sai sem dinheiro?

*

D,M

Com a fé que tenho em Deus Pai,

Peço ajuda em oração.

E fico quieto no chão,

Pois quem tá no chão não cai.

Sem gritos nem ai ai ai...

Mantenho a calma, e primeiro.

Ligo pro meu bairro inteiro

A cobrar com o celular.

Até que um vem me buscar

Sem precisar de dinheiro!

*

E,V

Para fazer uma casa

Você não tem um vintém

Nem crédito no armazém

Pra cavar a base rasa.

Você é da classe vasa

E não conhece um pedreiro,

Servente nem carpinteiro,

Não tem favor, nem fiado.

E sendo inutilizado

Faça a casa sem dinheiro.

*

D,M

Vou pra beira da estrada

Perto da periferia.

E ali em menos de um dia

Faço uma casa reciclada.

Papelão, lata amassada...

Peço emprestado ao lixeiro.

O prefeito vem ligeiro

Troco o meu voto num teto.

Ganho a casa de projeto

Sem precisar de dinheiro!

*

E,V

Você precisa pagar

Carnê do I.P.V.A.

O I.P.T.U. de lá

Já começaram cobrar.

Material escolar,

Tudo no mês de janeiro.

Jà foi o décimo terceiro

E o resto da poupança.

Falta a farda da criança,

Dê seu jeito sem dinheiro.

*

D,M

Troco o carro em um quitado,

A casa em outra okei.

A farda e os livros Ganhei

Do governo do Estado.

Como já está arrumado

Meu problema financeiro.

Tenho mais um ano inteiro,

Para poder planejar.

Como viver sem gastar

Um centavo de dinheiro!

*

E,V

A feira dos animais

Você foi pra visitar

E lá resolveu comprar

Dez gaiolas de pardais.

Lá na frente comprou mais

Um bode pai de chiqueiro,

Uma macaca, um carneiro

E um jegue encangalhado.

Sem ter um tostão furado

Como comprou sem dinheiro?

*

D,M

Compro os dez pardais fiado,

Numa gaiola eu coloco

As três gaiolas eu troco

No jumento encangalhado.

Troco seis no bode “erado”

Na macaca e no carneiro.

Como eu não sou caloteiro

Volto e devolvo os pardais.

Levo os outros animais...

Sem precisar de dinheiro!

*

E,V

Damião salvou o gado,

Eu viajei sem passagem

Fiz boa camaradagem

Comprando coisas fiado.

Enganei supermercado,

Enrolei um muambeiro.

Damião comprou carneiro,

Fez casa de lata urgente,

Escapou dum acidente

Sem precisar de dinheiro.

*

D,M

E - Mas já na prorrogação

Sem ter mais tempo pra nada

Eu pergunto ao camarada

Meu amigo Damião.

Você toma a decisão

E procura um gazeteiro,

Noveleiro ou jornaleiro

Pra publicar o cordel,

Não tem nem o do papel.

Como edita sem dinheiro?

D ,M

O meu amigo Altair

PANTERA CORDELARIA

Disse pra mim outro dia

Que desejava imprimir,

Falei: Pode prosseguir

Meu amigo folheteiro.

Divulgue no mundo inteiro!

Ele imprime e me dar uns,

Eu ficarei com alguns

Sem precisar de dinheiro.

*

E,V

E-u embarquei sem passagem

D-amião salvou o gado.

U-ma enrolada, um fiado

A-judou-me na viajem.

R-egressei sem ter passagem

D-ancei nu, fiz embolada.

O amigo fez morada,

V-aleu-se até do lixeiro.

I-PTU de janeiro

A-chou melhor não pagar,

N-um Hospital fui parar,

A-lmocei sem ter dinheiro.

*

D,M

Em troca eu nunca fui bom

Nem sou de comprar fiado.

Mas aqui fui obrigado

A “mentir” em alto tom.

Foi Deus que me deu o dom

De Poeta e cordeleiro.

E ao lado de um bom parceiro

Tipo: Eduardo Viana

Eu dei uma de bacana

Sem precisar de dinheiro!

*

D,M

D o inicio até o fim,

M ergulhei em um perrengue

E um mosquito da dengue

T ombou meu corpo e foi ruim.

A gora é que posso enfim

M andar a estrofe acróstico.

O-nde o meu diagnóstico

R-elata sobre o hospedeiro.

F-aleipor ser verdadeiro...

O-brigado meu amigo

S-empre é bom cantar contigo

E foi melhor sem dinheiro!

*

Fim.

Damião Metamorfose e Eduardo Viana
Enviado por Damião Metamorfose em 21/01/2013
Reeditado em 21/01/2013
Código do texto: T4097445
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.