O “MIJO” DO MENINO

Quando nasce um filhote

na casa do nordestino

o pai manda preparar

uns licorzinho bem fino

para alegrar as visitas

que vão olhar o menino

II

Esses licor são chamados

por povos da região

de “mijo” especial

feito em comemoração

do nascimento com vida

de um menino mijão

III

Portanto na ocasião

nasceu vivo meu filhote

eu mais depressa coloquei

os ingredientes num pote

me ajoelhei perto dele

fiz uma reza bem forte

IV

Após fazer a oração

o “mijo” foi preparado

a essência era atraente

tinha um sabor fermentado

quem tomasse desse “mijo”

já ficava viciado

V

Não sei o que aconteceu

no ato da preparação

se foi os ingredientes

ou se foi a oração

que fez com que o “mijo”

afetasse o coração

VI

Pois quem tomasse do “mijo”

e sofresse de amor

recebia de imediato

a cura pra qualquer dor

se o cabra fosse mole

ficava namorador

VII

Rapazinho vergonhoso

aprendia a acochar

moça de quinze anos

se já sabe namorar

levava fumo no cachimbo

aprendia logo a fumar

VIII

Até velho de oitenta

com a máquina enguiçada

pegava na manivela

pra ver se ela funcionava

lembrando daquele tempo

que a agulha costurava

IX

Moça que carregava

no corpo uns pneuzim

após tomar o licor

sentia-se um manequim

em sua gaiola não falta

quem coloque um Passarim

X

Velhinho que possuía

pintinho no cativeiro

mesmo cevando com milho

não saía no terreiro

era só tomar o “mijo”

pra se atrepar no poleiro

XI

Um padre pegou um copo

tomou logo uma lapada

disse ô bebida do cão

essa está envenenada

jogou a batina fora

e saiu dando umbigada

XII

Severino o mudinho

uma dose que tomou

era mudo de nascença

com um gole se engasgou

depois de lamber os lábios

abriu a boca e falou

XIII

Disse ele vou pra casa

vê a minha veia Ana

pois o fogo que eu sinto

se o espírito não me engana

eu já sei que hoje a noite

nós vamos quebrar a cama

XIV

Chegando em casa porém

veja o que aconteceu

se abufelou com a veia

a vista escureceu

deu uma parada cardíaca

na mesma hora morreu

XV

Meu amigo choca ovo

vivia no caritó

tomou um gole de “mijo”

começou dançar forró

saia fogo das ventas

e fumaça do fíófó

XVI

Arrumou um casamento

com uma moça corcunda

feia, magra, desdentada

que tinha sarna na bunda

o povo chamava ela

de dona Maria imunda

XVII

Tinha um mijo especial

preparado para a sogra

que mesmo sendo o capeta

ou a peste da catapora

quando tomasse do “mijo”

virava santa na hora

XVIII

Após tomar uma dose

do “mijo” de umbu cajá

uma bicha da cidade

começou se requebrar

disse ela “ai é hoje

que vou me desmantelar”

XIX

“Mulher tou ficando louca

nossa que fogo ardente

na minha garagem parece

que tem uma brasa quente

vou pegar pois não estou morta

quem vier na minha frente

XX

Se você ta insatisfeito

por faltar força e vigor

pare de pelar o frango

deixe de ser sofredor

tome o “mijo” do menino

vá ser feliz no amor

XXI

Dizem que a mentira

com a verdade é vencida

mais sendo ela bem contada

é perdoada e esquecida

se ela tem perna curta

a minha tem perna comprida

XXII

Intitulei esses versos

Sei que não sou inteligente

Agradeço ao senhor que

Ilumina minha mente

Ao criador do universo

Senhor Deus onipotente

FIM

Isaias Eduardo Santa Rosa

ISAIAS EDUARDO
Enviado por ISAIAS EDUARDO em 16/01/2013
Código do texto: T4088780
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