SUJEITO DESMANTELADO (Ao poeta Pedro Sena)
Esse cabra é extremamente ignorante
Ele faz sua refeição numa bacia de feirante
Tem a boca igual à de uma traíra
É encarnado e esculpido um labisone
Não agüenta sentir o cheiro da abaíra
A poesia quase que o consome.
Esse moço tem um jeito meio desmantelado
A batata da perna é mais grossa que o pescoço
Anda parecendo um pardal todo empenado
E no meio da gaiatice, ele adora fazer alvoroço
Nunca se dá o luxo de parecer homem decente
É todo mal amanhando, feito um cachorro doente.
Tem uma prosa mais longa do que uma epopéia
É mais lento do que um bicho preguiça
É mais teimoso do que a tal da Medéia
E é a cópia do sapo dizendo: “ô injustiça”
É viciado em tomar uma bobinha, um conhaque presidente
Se achar uma mistura beleza, mas se não achar toma quente.
O significado do nome é rochedo
Quando encosta numa nêga
é pior do que um jegue amuado
E p’ra piorar o meu medo
Soube de um novo segredo
O cabra já tá ficando com o pé inchado.
O Senhor das Palavras