O CAUSO DO LABISONE
Dizia o homem que perambulava pela madrugada
A caminho do seu pedacinho de chão
Guiado pela lua cheia que alumiava toda estrada
Não temia as estórias terríveis de assombração
Dizia que o silêncio e o canto da rasga mortalha o assustava
Mas era coisa passageira como um arrepio no pé do cangote
Pouco tempo depois já tava assoviando uma canção que gostava
Até que surgiu um barulho no mato que calou até a cantiga do caçote
Dizia ele que avistou um bicho badego andando de quatro na mata
Peludo que só e com as orelhas maiores que as de um coelho gigante
E veio enfezado, respirando fundo e batendo as patas
E o podre homem sem saber o que fazer naquele instante
Não sabia se corria ou se ficava
Se gritava ou se calava
E nisso o bicho foi se achegando
E com pouco o coitado já tava era se mijando
Quando o bicho destampou no meio da estrada
O homem desembainhou o facão e deu pra riba
O bicho se intimidou e deu uma boa de uma rinchada
Como se tivesse rindo da cara assustava de seu Paraíba.
Depois desse dia sua Paraíba jurou
Nunca mais tomar excesso de pinga na venda de seu Tone
Quase assassinava o jegue que comprou
Achando que era o maldito de um labisone.
O Senhor das Palavras