O CAUSO DO LABISONE

Dizia o homem que perambulava pela madrugada

A caminho do seu pedacinho de chão

Guiado pela lua cheia que alumiava toda estrada

Não temia as estórias terríveis de assombração

Dizia que o silêncio e o canto da rasga mortalha o assustava

Mas era coisa passageira como um arrepio no pé do cangote

Pouco tempo depois já tava assoviando uma canção que gostava

Até que surgiu um barulho no mato que calou até a cantiga do caçote

Dizia ele que avistou um bicho badego andando de quatro na mata

Peludo que só e com as orelhas maiores que as de um coelho gigante

E veio enfezado, respirando fundo e batendo as patas

E o podre homem sem saber o que fazer naquele instante

Não sabia se corria ou se ficava

Se gritava ou se calava

E nisso o bicho foi se achegando

E com pouco o coitado já tava era se mijando

Quando o bicho destampou no meio da estrada

O homem desembainhou o facão e deu pra riba

O bicho se intimidou e deu uma boa de uma rinchada

Como se tivesse rindo da cara assustava de seu Paraíba.

Depois desse dia sua Paraíba jurou

Nunca mais tomar excesso de pinga na venda de seu Tone

Quase assassinava o jegue que comprou

Achando que era o maldito de um labisone.

O Senhor das Palavras

O Senhor das Palavras
Enviado por O Senhor das Palavras em 16/01/2013
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