Meninos, juro que vi!
Meninos, juro que vi!
Autor: Daniel Fiúza
14/07/2004
Meninos, juro que vi!
Um tatu subir no pau
Um couro de lobisomem
O pé da cobra coral
Uma preguiça correndo
Atrás da onça querendo
Um autógrafo legal.
Também Conheci Cabral
Quando chegou ao Brasil
Eu lhe dei as boas vindas
Numa praia lá do Rio
Tapei o sol com a peneira
Vi água subir ladeira
E a lua na cor de anil.
Já naveguei num barril
Cruzei sete oceanos
Fui ao topo do Everest
Eu e mais cinco ciganos
Lutei contra o Lampião
Conheci o rei Salomão
Cantando com os baianos.
Lutei contra os troianos
Fiz um cordel com Camões
Fui ao inferno de Dante
Matei medusa e dragões,
Com cavalheiros andantes,
Eu e Miguel de Cervantes
Lutamos pelos sertões.
Juntei Nilo e Solimões
Ao Canal do Panamá
Nadei da costa da África
Direto pro Ceará
Aproveitei minha cancha
Boiei no canal da mancha
Vinte dias sem parar.
Já vi saci e boitatá
Curupira, alma penada
Vi a mula sem cabeça
Vampiro e bruxa danada
Feiticeiras na fogueira
Duende e fada faceira
Visões de coisa encantada.
Vi a rosa encarnada
Destruir duas cidades
Nagasaki e Hiroxima
Com tantas perversidades
Vi o Vesúvio explodindo
Toda Pompéia cobrindo
De cinza, ódio e maldades.
Vi vencer nulidades
E gênio ser esquecido
Senti a morte de perto
Vivi no elo perdido
Bebi água e plenitude
Na fonte da juventude
E fui por Eros ferido.
Vi o Hitler ser vencido
Mussolini executado
Ajudei Nostradamus
A escrever seu legado
Vi a queda da Bastilha,
Na Rússia fiz a cartilha
Pra Mark ser consagrado.
Quando o mar foi separado
Grande emoção eu senti
Tava ao lado de Moises
Naquele milagre eu cri
Desde da arca de Noé
Vi tudo, sei como é
Meninos, juro que vi!