PERU DE NATAL
Eu me lembro, certa vez,
Já na véspera de natal
A minha mãe foi à feira,
Comprar um peru normal.
Porém, quando lá chegou,
Com tamanha emoção
Reparou num peru gordo,
Com um baita escovão.
O dono todo solícito
Minha mãe interessada,
Logo o negócio foi feito
Ninguém reclamou de nada.
Mas tarde, ao chegar em casa
A mamãe toda contente
Pôs a panela no fogo
Pra deixar a água fervente.
Com uma faca afiada
Daquela que corta tudo,
Degolou o desgraçado
Que de medo estava mudo.
Depois de haver sangrado
O desafortunado peru,
Sem sequer dar uma chance
Pra ele fazer glu glu,
Colocou-o numa bacia
Jogou a água escaldante,
Ai veio o engraçado:
Um truque interessante!
No Nordeste conhecemos
Peru gordo e de respeito,
Pelo tamanho da escova
Que a ave traz no peito.
Se for pesado e faceiro
Com o escovão de adereço,
Comprador desavisado
Nem se preocupa com preço.
As penas foram caindo,
O Peru todo pelado
O papo cheio de milho,
Parecia estufado.
E em seguida, ó meu Deus,
Mamãe ficou desolada,
O penoso era novinho
A escova era colada.
Com uma escova grande
O papo cheio de cuscuz,
O peru pequenininho
Parecia um avestruz.
É isso aí, minha gente,
Preste muita atenção
Não vale cair em golpe
De peru com escovão!
***
Maria do Socorro Domingos dos Santos Silva
João Pessoa, 24/12/2012