O DIABO É BICHO FEIO, MAS NÃO É COMO SE PINTA
Diabo é bicho horroroso
Sendo o rei da maldade,
Constrói a infelicidade,
E pra isso é poderoso,
E nas garras do tinhoso,
Que eu caia Deus não consinta,
Do monstro de negras tintas,
Que no bem quer por um freio,
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta.
Pois ele é sempe pintado,
Com os traços mais horríveis,
Com todas cores possíveis,
Que é no terror inspirado,
De se deixaar espantado,
Quem tem coragem distinta,
Porque não há quem não sinta,
Medo, pavor, ou receio,
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta.
Ele certamente é,
Bem pior que se imagina,
Pra se opor à Lei Ddivina,
Querer destruir a fé,
E por enfrentar Javé,
Lá do céu vazou de quinta,
Se assim é, e que eu não minta,
Cá pra terra ele veio,
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta
Tem os pés arredondados,
Pés de garrafa, ou de pato,
Em forma de bode, ou gato,
É também apresentado,
Cramunhão, degenerado,
A fera negra retinta,
Que de maldade é faminta,
Vive assim em nosso meio,
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta.
Um dia, um japonês,
Que tomava uma cachaça,
Na hora eu achei graça,
Do que ele disse esta vez,
Ele está entre vocês,
Disse de forma sucinta,
Disfarçado, ele nos finta,
Pra não fugirmos, eu creio,
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta.
Sempre em algo valioso,
Como uma grande riqueza,
Mulher de grande beleza,
Nos tenta assim o tinhoso,
A um romance perigoso
Que acaba na lei do trinta,
Onde vidas sãoo extintas,
Desses truques ele é cheio,
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta.
Se porém virar o disco,
E em toda sua feiura,
É imaginável figura,
Dizer assim, eu me arrisco.
Num cordão de São Francisco,
Amarro e dou-lhe de cinta,
Para que não me desminta,
E assim digo sem rodeio
O diabo é bicho feio,
Mas não é como se pinta.