SUJEITO QUE SE APAIXONOU POR UMA JUMENTA NO EXU
No Exu de Luís Gonzaga
Do nosso rei do baião
Um caso de amor platônico
Surgiu naquele sertão.
Entre homem e jumenta
E deu maior confusão.
Antônio Márcio Bezerra,
Que tem nome de bovino
Carroceiro do lugar,
Namorava um equino,
Quando seu pai descobriu
Chamou o filho de cretino
E como dono da burra
A trocou por um jumento
O filho bem aborrecido
Disse logo: não aguento.
E tomou uma providência
Foi até o destacamento
Pedir pra obrigar o pai
Desfazer o tal negócio
Porque com a jumenta
Há anos tinha consórcio
E por causa dessa troca
Podia haver um divórcio.
E o amor da sua vida
Não queria vir a perder.
Mas seu pai, Chico Dorico
Disse preferi morrer.
Pois a jumenta como nora
Não era possível ter.
O padre não quis benzer
Pois como esse matrimônio
Só houve um na história
Lá na terra do mar Jônio
Quando Minotauro nasceu.
Se viesse outro de Antônio?
Delegado de plantão
Tal crime desconhecia.
Pela idade da jumenta
Pensou em pedofilia
Apelaram pro juiz
Que disse ser zoofilia.
Depois dessa confusão
O pobre Chico Dorico
Ficou conhecido como
Chico Sogro do Jerico
Que desgostoso da vida
Disse no Exu eu não fico.
Porque povo quer saber
Como chamará o neto
Filho de Márcio e jumenta
Que será muito dileto.
Se tiver que fazer parto
Quem vai retirar o feto?
Médico, veterinário
Esse era outro dilema.
Problema com a vacina
Passou a ser outro tema.
E o pobre Chico Dorico
Fugiu. Foi para Diadema.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, DEZEMBRO/2012