Ponto de vista e mau-gosto
Minha frase proibida
Vinda do tropicalismo
Superada, meio antiga
Dado a aqueles maneirismos
Mais própria a um jeito contido
Na atual fase da vida
É que nada é proibido
A repetição alhures
Estampada em novas caras
Como se fossem atitudes
Novas e recém-criadas
Me dá alguma canseira
Porque não é brincadeira
Não se pode fazer nada
Costumes e preconceitos
Impresso nas carteirinhas
Gerações que, com efeito,
Antes e depois da minha
Protestam quando imaturas
Lendo as mesmas partituras
De cantilenas mesquinhas
O grotesco e o obsceno
Usado com maestria
Embora o que estou querendo
É a volta da magia
Que colorizaria os gestos
Usados como protestos
Com a consciência vazia
Sentir prazer pela arte
Gana pela alegria
Emoção que às vezes parte
Coração sem sintonia
Juntos, próximos ou em destaque
Coisa que é mais escasso
Nas baladas de hoje em dia
Em outros casos diria
Que o mau gosto é imperdoável
Que bizarro não é gótico
E tosco só é palatável
Se tocar em pontos módicos
Personalizando um tópico
Do que for apresentado
Prefiro Léo Jaime à Sandy
Sem nenhuma explicação
Os aliens de Ridley Scott
Aos vampiros tim de então
Poucas das boas de agora
Que com sorte a gente explora
E se consegue emoção
A música estraga a manada
Sensível ao apelo fácil
Sem querer pensar em nada
Energia erótica ao máximo
Vulgaridade explorada
Em duvidosa e animada
Euforia fabricada
Posso parecer confuso
Talvez mesmo até patético
Quando antes faço uso
Do tema psicodélico
Pois se nada é proibido
Certamente está contido
O que eu não acho que é certo
É o preço a pagar
Por todas as liberdades
A gente ter que aturar
Algumas calamidades
Foi assim essa conquista
Confundir ponto de vista
Com o mau gosto nessa idade