MADAME PIDONA

Miguezim de Princesa

I

Que madame mais pidona:

Pedia sapato e bebida,

Brinco, anel e trancilim,

Colírio e furosemida,

Pedia até cirurgia

Pra enfeitar a “perseguida”.

II

No dia que ia almoçar

No rodízio de espeto,

Comia picanha, javali,

Coelho, sushi e galeto,

Depois indicava o besta

Para pagar o boleto.

III

Chefiando o gabinete

Da ilustre presidente,

Madame não se cansava

De tanto pedir presente

E, quando via um pacote,

Chega arreganhava os dentes.

IV

No Air Force Fifty One,

Pra cima e pra baixo andava,

Curruchiando com os homens

A quem demais agradava,

Enchia a bolsa de tudo

E ninguém a revistava.

V

O segredo de agradar

Tanto senhor afamado

É que ela todo ano

Reunia o apurado

Para cuidar de um lugar

Por demais apreciado.

VI

Depois de tudo cuidado,

Botava pra derreter,

Fazia o maior salseiro

Na hora do vamos-ver,

Inda pedia ao freguês

Para dar o parecer.

VII

Tinha parecer de cem,

De trezentos e de 1 milhão.

Quando ela estava inspirada,

Deitava touro no chão

E elogiava o besta:

“Cabra do parecerzão!”

VIII

De tanto queimar em brasa,

Formaram uma comissão

Para diminuir um pouco

Toda aquela comichão:

Chamaram um homem das águas,

Outro da aviação.

IX

Para completar o time

Do ar, da água e do chão

E o parecer completo

Render uma boa comissão,

Chamaram um advogado

Que já tinha parte com o cão.

X

Madame era tão pidona

Que chegou a encomendar

A Miguezim de Princesa

Um verso a lhe elogiar,

Mas o poeta, cabreiro,

Respondeu-lhe bem ligeiro:

“Deus me livre de ir lá!”.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 27/11/2012
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